Uma aliada na busca da vida saudável

A Spirulina platensis, pesquisada na UPF, é promessa para fins terapêuticos

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Não é de hoje que a microalga Spirulina platensis  é tema de pesquisas no meio científico. De coloração verde-azulada, é encontrada em solos, pântanos, lagos alcalinos e águas salobras, marinhas e doces. É definida como complemento nutricional pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, apresentando alto conteúdo de proteínas, fibras, vitaminas e minerais. Na Universidade de Passo Fundo (UPF), vários estudos estão em andamento, apresentando também os efeitos terapêuticos da cianobactéria. Os resultados são promissores.

A ciência já comprovou que a redução de calorias e o uso de substâncias funcionais prolongam a vida de diferentes organismos. Um dos enfoques dos trabalhos conduzidos na UPF é justamente comparar a restrição calórica e o uso da Spirulina em modelos experimentais, tais como, o homem, ratos, camundongos e leveduras. Mas os estudos, que tem à frente a Dra. Telma Elita Bertolin e acadêmicos do curso de Engenharia de Alimentos e do Programa de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano, buscam respostas, igualmente, para outras questões.

Poder anti-inflamatório e cicatrizante
Os benefícios do uso da Spirulina como anti-inflamatório e cicatrizante foram comprovados recentemente em duas dissertações. A primeira avaliou o efeito da microalga nos sintomas dispépticos, relacionados ao aparelho digestório alto, após suspensão de inibidores de bomba protônica (IBPs), medicamentos que dificultam a secreção do ácido clorídrico pelo estômago. Além da dependência, o uso crônico desses fármacos pode aumentar o risco de fraturas ósseas, especialmente na velhice. “Os resultados do estudo demonstraram que dois terços dos pacientes pesquisados, em uso crônico de IBPs, foi capaz de interromper a medicação por dois meses, independentemente da terapia com Spirulina ou placebo. No entanto, um número significativamente maior de pacientes tratados com Spirulina obteve controle dos sintomas dispépticos”, resume Telma, que orientou o estudo conduzido pela mestranda Andréia Gronevalt, juntamente com o Dr. Fernando Fornari.

Já para testar a ação da ficocianina, o pigmento da Spirulina, na terapêutica de lesões cutâneas, a mestre pelo PPGEH Cleide Toniollo, orientada por Telma, induziu feridas em ratos envelhecidos. A pomada com ficocianina 30% mostrou resultados semelhantes quanto à cicatrização quando comparados com a pomada-padrão para esse tipo de lesão.

Restrição calórica x Spirulina platensis
O processo de envelhecimento é acompanhado por mudanças na atividade das células, tecidos e órgãos. O acúmulo progressivo dessas alterações é associado à suscetibilidade a doenças. Neste contexto, uma pesquisa buscou avaliar o papel da ficocianina e da restrição calórica no envelhecimento cronológico celular de uma levedura. De acordo com a professora Telma, o uso das duas terapias mostrou um benefício importante, de em torno de 30% de aumento no percentual de sobrevivência celular e retardo do envelhecimento dessas células de levedura. “Os achados corroboram com outras pesquisas internacionais que fazem referência a essas terapias no aumento do tempo de vida em distintos modelos experimentais”, justifica. A pesquisa foi desenvolvida pela mestre em Envelhecimento Humano Marta Santolin.

Outro trabalho que vem sendo executado pela mestranda em Envelhecimento Humano Fábia Benetti faz referência à ligação entre o excesso de ferro em áreas do cérebro humano e o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer. Ela objetiva avaliar o potencial antioxidante da ficocianina e da restrição calórica em células de uma levedura submetidas ao estressor ferro. “Os resultados já obtidos mostram que ficocianina e restrição calórica evidenciam benefícios ao modelo em estudo”, afirma Fábia, orientada pela professora Telma. 

Novos desafios
As investigações não param e além de respostas ao aumento da longevidade, buscam colaborar com a qualidade de vida, com a formulação de nutri-cosméticos e no tratamento da infertilidade masculina. A Fapergs e o CNPq apostam nas pesquisas: a professora Telma aprovou, recentemente, dois projetos junto às instituições, em que vai estudar o efeito dessas terapias, da proteína sirtuína e alfa-sinucleína, associadas à doença de Parkinson, tema esse que a professora pretende desenvolver seu estágio pós-doutoral em uma instituição europeia.

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