Num momento em que os professores falam incansavelmente em valorização, um dos profissionais da área comemora 40 anos de atuação na área. A decisão em comemorar o período se deu especialmente pela vontade de estimular tais professores, que travam lutas e embates em busca de melhores salários e respeito pela profissão que é tão essencial para a sociedade.
Professor de língua portuguesa, Ironi Andrade, completou ontem (23) 40 anos de atuação como professor, ofício que começou a exercer exatamente às 10h do dia 23 de abril de 1973. O início se deu de forma curiosa, como o próprio professor define: “depois de trabalhar como agricultor quatro anos, interromper os estudos lá no mato onde eu me criei, fui ao internato. Lá no internato, ao final do primeiro semestre, fui desligado da escola porque o meu português não tinha conserto. Fui mandado embora. Aí um professor de educação física, para não me perder, porque eu era o principal atleta da escola, pediu mais um semestre para ver se eu não tinha conserto mesmo. E me foi dado este semestre. E aí eu estudei muito, li muito, fiz muita cópia, me expus muito diante dos meus colegas para que eles que ajudassem e recuperei, já no final do ano eu estava mais ou menos bem. E quando tive que escolher qual o curso que iria fazer, escolhi Letras, não pensando em me vingar, mas qualquer psicólogo, por principiante que seja, explica, com certeza”.
Durante o período de quatro décadas, muitos momentos ficam na memória, mas o que relata ter sido o mais marcante foi o que aconteceu ainda na década de 1970. “São muitos momentos. Evidentemente que o momento em que eu entrei na sala de aula pela primeira vez, isso lá em 23 de abril de 1973, mais ou menos por volta de 10h, foi o mais marcante. Depois disso foram tantos e tantos que se torna bem difícil destacar alguns. Fui sempre um profissional de muita sorte. Nesses 40 anos já trabalhei em muitas escolas, universidades, cursos pré-vestibulares, já tive cerca de 2 milhões e 500 mil alunos e nunca tive um dissabor na vida: nunca briguei com um aluno, nunca xinguei um aluno, nunca fui xingado por um aluno. Acompanhei o progresso pessoal e profissional de muita gente. Então, fica realmente difícil destacar algum momento especial. Eu diria assim: como gosto do que faço, todos os momentos foram especiais”, salienta.