A polêmica sobre a demarcação de terras indígenas no Brasil ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira (8) com a visita do antropólogo Edward Luz, que entregou à Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (CINDRA) documentos que comprovariam fraudes em pelo menos 17 processos conduzidos pela Funai. As denúncias indicam que dezenas de laudos antropológicos utilizados para desapropriar milhares de produtores rurais contêm graves irregularidades. Para justificarem a presença de comunidades indígenas tradicionais em determina área, os antropólogos contratados pela Funai teriam se valido de expedientes pouco convencionais, como a importação de índios de outros países, a catequese etnogênica e o atendimento de interesses de ONGs na liberação de vultuosos recursos públicos.
Com a experiência de alguém que já trabalhou para o governo na elaboração de laudos utilizados na demarcação de terras indígenas, Edward Luz explica que chegou a hora de mostrar aos brasileiros uma face pouco conhecida da Funai. Ele explica que a raiz central de todos os problemas está na falta de transparência no sistema de demarcações, “que vem permitindo uma série de manipulações. A Funai detém o monopólio completo do processo, porque é ela quem promove, recebe as contestações e julga a validade delas”, explica Luz. Segundo ele, o esquema de corrupção começou a ser montado há 25 anos, com a infiltração e o aparelhamento de grupos radicais de esquerda e ‘ongueiros’, que viram no órgão um campo fértil para a implantação de um projeto ambientalista e preservacionista. “Só que a demarcação que está sendo proposta estabelece uma reforma agrária às avessas, com a retirada da terra de muita gente para dar para poucos”, argumenta.
O que era apenas ideologia acabou virando um grande negócio para ONGs, associações indígenas e organizações de suporte aos territórios criados, explica Edward. Segundo ele, entidades nacionais recebem recursos de ONGs estrangeiras para promoverem as demarcações de solo nacional. “Essa é uma acusação grave, porque estão tirando terra de cidadãos brasileiros sem indenização. O produtor não pode produzir, o índio não pode comercializar, não se pode extrair minério nem utilizar aqueles recursos hídricos. Se o impacto social é forte, o impacto estrutural é maior ainda”, revela o antropólogo. Luz ressalta que a versão esquerdista e preservacionista da Funai está fortemente influenciada por uma ideologia internacional e tem prevalecido sobre as demarcações conduzidas de maneira técnica e democrática. “Até agora não sabemos calcular quanto o país está sendo prejudicado com essas amarras ao desenvolvimento, que afeta a construção de ferrovias, rodovias, hidrelétricas e a extração de minérios”, lamenta.