Polícia faz buscas para tentar localizar servidor do INSS

Esposa diz que alguns dias antes de desaparecer, Sérgio recebeu ligações telefônicas durante a madrugada

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O mistério em torno do desaparecimento do servidor do INSS, Sérgio Luiz Kocziceski, 53 anos, completou quatro dias ontem.  O último contato feito por ele com a família aconteceu na quinta-feira, por volta das 18 horas. Ele ligou para a esposa solicitando o telefone de um mecânico, onde costuma levar o veículo. Cerca de três horas depois, o carro, modelo Meriva, foi encontrado abandonado na rua Pulador, bairro Boqueirão, sem o rádio e a bateria, mas com a chave na ignição. A carteira com os documentos do servidor  estava no interior do veículo.  A titular da 1ª DP, delegada Daniela de Oliveira, responsável pelas investigações, já solicitou a quebra do sigilo telefônico.

Ontem à tarde, equipes da 1ª DP, com apoio do Corpo de Bombeiros, voltaram ao local onde o carro foi encontrado. Eles realizaram buscas por entre arbustos existentes em um terreno de aproximadamente 200 metros, cortado por uma sanga.  “Ainda no sábado, policiais estiveram aqui, mas a chuva dificultou as buscas. Retornamos hoje, mas não encontramos nada”, explicou a delegada. 

Sem nenhuma pista concreta até o momento, Daniela  já considera ‘remota’ a chance de o servidor ser encontrado com vida. A polícia trabalha com três linhas de investigação: latrocínio – roubo seguido de morte-, homicídio ou suicídio. No entanto,  reconhece que a primeira delas  perdeu força diante das evidências encontradas no veículo. “Não constatamos nenhuma movimentação bancária na conta dele nesses dias, o carro estava com as chaves, carteira e documentos, não encontramos o celular dele. Esses fatos realmente enfraquecem a tese de latrocínio. Já conversamos com a família e explicamos  sobre a gravidade da situação” explica.

Entre a manhã e parte da tarde, a polícia ouviu depoimentos de familiares e também colegas de trabalho do servidor. Através da quebra de sigilo telefônico, os investigadores pretendem rastrear possíveis ligações feitas por Sérgio após o último contato com a esposa. Segundo familiares, ele não chegou a ligar para o mecânico. A delegada poderá ainda solicitar imagens de algumas câmeras existentes no trajeto entre o INSS, no centro da cidade até a  rua Pulador, no bairro Boqueirão, onde o carro foi abandonado.

Ligações telefônicas

Casado com Claudete Verônica Kocziceski, há 29 anos, e pai de dois filhos, de 20 e 27 anos, Sérgio foi descrito pelos familiares como um homem tranquilo e   reservado. “Não era de sair sozinho. Chegava sempre no mesmo horário em casa. Também não tinha inimizades com ninguém” relata o filho caçula Leonardo Maurício Koczieceski. Porém, nas últimas duas semanas, familiares e colegas de trabalho constataram  que o comportamento reservado do servidor  se acentuou ainda mais. “Percebi que algo o preocupava. Estava mais quieto, mais distante, mas não comentava nada” conta a esposa.

Angustiada com o sumiço do marido, Claudete diz que essa  mudança chegou a ser flagrada  até mesmo pela mãe dele e irmãos durante o almoço de aniversário de casamento dos sogros, realizado dia 6 de julho, na cidade de Áurea. “Ele ficou afastado, pouco conversava,  bem estranho. As pessoas viram isso. Na segunda-feira, teve uma febrão, pedi que fosse ao médico, mas  se recusou. Tinha alguma coisa incomodando ele, mas não sabemos o que era. É um mistério, não consigo encontrar uma explicação” lamenta a esposa.  

Uma colega do INSS, que pediu para não se identificar, declarou que nos últimos dias ele vinha consumindo mais cigarro e também apresentando uma sudorese elevada. “Como ele teve problemas de saúde no ano passado, a gente se preocupava para ele não fumar muito. Nos últimos dias, aumentou o consumo de cigarros e também passou a suar mais. Ele nunca foi de falar muito, mas estava ainda mais reservado” comentou.

A esposa suspeita de que esse comportamento possa ter  relação com duas ligações telefônicas recebidas por Sérgio, há cerca de uma semana,  durante a madrugada.  “A primeira vez tocou por volta das 2h. Um tempo depois,  chamou  novamente. Pedi que atendesse, fiquei preocupada de que poderia ser algum problema de saúde com meus pais, mas ele não atendeu nenhuma delas. Disse apenas que era um número desconhecido. Percebi que  demorou para dormir depois. Pode ser que isso tenha alguma coisa com o sumiço” revela.

Família recebe apoio pelas redes sociais

Desde que o desaparecimento do servidor foi postado na rede social (Facebook) no sábado à noite, a família tem recebido inúmeras mensagens de apoio. O telefone da residência também não para de tocar durante todo dia, por amigos e colegas em busca de informações. Os três irmãos de Sérgio, residentes em Áurea e Erechim,  estão em Passo Fundo acompanhado o trabalho da polícia. “ O Sérgio  sumiu bem no dia do aniversário do meu filho, que é a afilhado dele. Nunca deixou de ligar para nos parabenizar. Estamos rezando o tempo todo e temos fé de que ele vai aparecer com vida” diz a irmã, Célia Salete Michalilff, 47 anos.  

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