A compactação, diminuição da vida e da fertilidade dos solos são problemas causados pela monocultura que prejudicam o desenvolvimento rural. Com o solo menos poroso, as raízes tendem a se manter na superfície e com isso a água disponível em profundidades maiores pode não estar acessível em períodos de seca, por exemplo. A adubação biológica é uma das alternativas que, embora não tenha resultado imediato, propicia a descompactação do solo e o repovoamento com micro-organismos benéficos que podem auxiliar, inclusive, na diminuição de algumas doenças ou pragas das culturas. Em um Dia de Campo realizado nesta semana um novo produto foi apresentado a produtores rurais de Passo Fundo e região. Com um investimento relativamente baixo por hectare é possível recuperar gradativamente propriedades físicas desejáveis.
O Microgeo funciona como um tipo de alimento que promove a multiplicação dos micro-organismos desejáveis e os estabiliza para serem levados ao campo. O produto, que tem certificação pelo IBD como insumo para agricultura orgânica, estimula o desenvolvimento de aproximadamente 200 espécies de micro-organismos, presentes no esterco bovino, que são produzidos nas próprias propriedades rurais. De acordo com o engenheiro agrônomo e representante comercial do produto Antônio Pintro toda essa vida é encontrada facilmente nas áreas de matas onde os solos são muito férteis. No entanto, onde há a monocultura a vida do solo diminui ano após ano. “Num período de cinco anos após a utilização da monocultura, a vida no solo diminui até 70%. O Microgeo é uma ferramenta para revitalizar o solo. Você devolve condições de vida parecidas com as que se encontram na mata”, destaca Pintro.
Como funciona
A produção do adubo orgânico é feita a partir de uma mistura de 15% de esterco bovino, 5% de Microgeo e água. O volume produzido na propriedade deve levar em conta a área a ser coberta pelas aplicações. A regra geral é de 300 litros por hectare, divididos em duas aplicações iguais, no inverno e no verão, sempre no período de desenvolvimento vegetativo.
A biofábrica, como é chamado o reservatório – que pode ser desde uma caixa d’água ou mesmo um pequeno lago artificial cuja profundidade não ultrapasse 1,90 metro – deve sempre ficar em lugares com insolação direta. Após a mistura ser colocada, o produtor rural precisa esperar pelo menos 15 dias para fazer a primeira aplicação que pode ser feita com pulverizadores normais. “Laudos da Esalq e da USP comprovam que cada ml do adubo biológico pronto tem mais de 100 milhões de unidades formadoras de colônia”, acrescenta. Na primeira aplicação pode ser retirado até 70% do volume do tanque. Após a reposição de água e complementação do produto em quantidade de 2,5%, é possível fazer nova aplicação após sete dias.
A aplicação do adubo biológico não substitui o fertilizante tradicional. Ela ajuda a deixar os elementos de uma adubação tradicional mais disponível para as culturas, principalmente no caso do fósforo. “Cerca de 30% do fósforo aplicado fica disponível para a planta o restante fica indisponível. Essa atividade biológica vai disponibilizando esse elemento. É um dos grandes benefícios além da descompactação”, esclarece.