Presidente Vargas e Aspirante Jenner: Destinos cruzados

Fernando Borgmann Severo de Miranda - Presidente do Instituto Histórico de Passo Fundo

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A edição do jornal O Nacional do dia 24 de agosto de 1954 já trazia como manchete a carta testamento do presidente Getúlio Vargas, morto algumas horas atrás. Na mesma edição os próprios funcionários do jornal iniciavam “uma campanha em prol da construção de uma herma1, ou, se possível, um monumento ao Presidente Vargas ...lágrimas sentidas verteram os nossos homens das oficinas e dos campos, diante do irremediável acontecimento...Essa herma ou monumento será erguida em uma das nossas praças.. Já se encontram listas de adesão nesta redação subscritas não só pelos operários gráficos deste vespertino, mas por trabalhadores inúmeros que correm a esta redação2”. 

Segundo entrevista com o Sr. Lindolfo Kurtz3, que acompanhou os acontecimentos, vários distúrbios ocorreram na cidade culminando com a tentativa de depredação do jornal Diário da Manhã4, à noite, onde houve troca de tiros. O Aspirante a oficial Jenner Saldi de Oliveira Leite5, da Brigada Militar, na tentativa de acalmar os ânimos, acabou sendo ferido a bala vindo a falecer na mesma noite do trágico dia que já havia iniciado com o suicidio do Presidente Vargas. A edição de 28 de agosto de O Nacional publicou o convite do Comandante do 3° Regimento de Cavalaria da Brigada Militar para a missa de sétimo dia, a ser realizada na segunda feira, “morto em cumprimento do dever na noite de 24 de agosto”. A mesma sociedade que, ensandecida, punha fim à vida do Aspirante Jenner produzia o herói que perdera sua vida em defesa da ordem. Em 3 de dezembro o vereador Lamaison Porto propunha, e a Câmara aprovava, a mudança de parte da “Rua Minas Gerais” para “Avenida Aspirante Jenner”. Noticia O Nacional que já pela manhã seguinte o prefeito autorizara a confecção das novas placas: a colocação delas na Avenida era o ato simbólico da sagração do novo herói.

Nos dias que se seguiram à morte de Getúlio Vargas foi grande a preocupação em homenagear e cristalizar a memória do Presidente Vargas: solenidades com discursos inflamados a mantiveram viva. Em 6 de setembro O Nacional divulgava que a “campanha pró-monumento ao Presidente Vargas está em pleno desenvolvimento, tudo indicando que, dentre em breve a comissão terá numerário bastante para abalançar-se na construção e delineamento desta obra de arte, que perpetuará a figura de Getúlio Vargas entre nós”. Faziam também um outro pedido, à Câmara de Vereadores, que o nome do Presidente Vargas fosse “ostentado" em uma das principais vias públicas da cidade. “Pode ser mudado”, escreviam eles, “o nome da Avenida Capitão Jovino6, prolongamento da Avenida Brasil, e isto porque, segundo os noticiários da Câmara de Vereadores, existem três ruas com o nome de Capitão Jovino. Não prejudicará em nada , e homenagearemos, ao mesmo tempo, o nosso líder popular, dando a esta via pública o nome de AVENIDA PRESIDENTE VARGAS”.

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