Jovens que buscam por um intercâmbio costumam procurar algum país desenvolvido, onde possam aprender sobre sua cultura, costumes, e compreender a língua. No entanto, um grupo de jovens entre 17 e 18 anos escolheu o Brasil para morar por um ano. Dois deles estão em Passo Fundo: um deles frequentando aulas no Instituto Estadual Cecy Leite Costa e outro no Colégio Notre Dame. Os outros dois jovens que estão pela região, foram para as cidades de Tapejara e Cruz Alta.
A escolha do Brasil, embora quase tenha acontecido ao acaso, os fez acreditar que conheceriam alguma cidade como São Paulo, ou Rio de Janeiro, mas não, vieram foi conhecer e conviver com os gaúchos. Agora, estes jovens buscam conhecer os costumes daqui. Falam em samba, já que essa é a ideia universal sobre o país. Mas o que encontraram foi churrasco e muito frio.
Para ambos, a maior surpresa foi perceber o quão grande é o Brasil e como o Rio Grande do Sul é diferente da ideia que eles faziam do país, especialmente no clima, que consideraram mais semelhante ao das cidades de onde vieram. Por outro lado, como chegaram em Passo Fundo no mês de agosto, saíram do verão italiano para o inverno gaúcho, que este ano está sendo extremamente chuvoso e rigoroso. Mas isso nem de longe desanima estes jovens, que já contabilizam muitos amigos conquistados aqui e bastante aprendizado.
Língua, o menor dos problemas
Os dois jovens que estão em Passo Fundo, Eleonora e Davide, embora estejam aqui há pouco mais de um mês, compreendem bem a língua portuguesa, especialmente pela necessidade e interesse em acompanhar as aulas. Além da escola, eles frequentam diversas atividades, dentre elas a dança.
Hospedados em casas de famílias cadastradas no programa de intercâmbio, eles acompanham as atividades realizadas e consideram que têm mães, pais e irmãos “brasileiros”, pois passam a realmente fazer parte dessas famílias, com que começaram a conviver em agosto deste ano e ficam até junho de 2014.
Da Itália até o Brasil
Eleonora Peruch, 17 anos, que veio de Valvasone, região de Veneza e que está hospedada com a família de Aira Miotto, conta que a ideia de fazer intercâmbio veio do exemplo da irmã mais velha, que passou pelo processo na Nova Zelândia, há cerca de 10 anos: “portanto eu já sabia da organização e esse foi o meu desejo. Em setembro passado fiz a inscrição e uma primeira parte do processo. Depois fiz uma seleção com provas e teste psicológico, e teste de língua inglesa. Depois eu e minha família tivemos que fazer um ‘application’ (nome dado a uma espécie de curso que prepara pais e intercambistas) com todas as informações. Foi muito trabalho, porque foi uma parte on-line e outra por escrito. Depois esperei até final de fevereiro sem saber nada e dia 28 de fevereiro recebi a carta que dizia que eu viria para o Brasil por um ano”.
Em princípio, Eleonora não sabia que viria para Passo Fundo, porque os candidatos ao intercâmbio apenas escolhem o país e somente depois é que a organização define a cidade. “Difícil explicar por que escolhi o Brasil. Na verdade, eu queria primeiro ir para a Nova Zelândia ou Austrália, mas era por apenas dois meses e eu queria fazer uma experiência mais completa, mais longa. A língua acabou sendo um aspecto secundário, mas acabei vindo para cá, e achei o português uma língua um pouco mais difícil de aprender. Escolhi o Brasil porque primeiro eu achava as pessoas daqui mais abertas, carinhosas, disponíveis, mas não sabia muito do Brasil na verdade”, conta ela, que tinha visitado o Brasil, São Paulo, em um encontro de escoteiros.
Em vez do Norte, o frio do Sul
Eleonora conta que quando escolheu vir para o Brasil, achou que iria para uma cidade da região Norte e esperava sol e calor. Entretanto, desde que chegou enfrentou o frio do Rio Grande do Sul. “Acho que por aqui é melhor. Por um ano calor e muita unidade do Norte não sei se seria muito bom. O problema é que só podia trazer 20 quilos de bagagem e não sabia que tipo de roupas trazer, se mais roupas pesadas ou de verão. Não trouxe muita coisa, mas não tem problema, uso emprestada”, comenta.
Escola é local de encontrar amigos
Davide Villani, 17 anos, intercambista que está estudando no Colégio Notre Dame, conta que está se adaptando bem em Passo Fundo. “Fui acolhido por uma ótima família, amigos e um ótimo Colégio. No Colégio Notre Dame fiz amigos verdadeiros com quem estudo e me divirto”, salienta.
Eleonora também já fez amigas, com quem conta especialmente na hora de estudar. Como chegou por aqui com o ano letivo em andamento, foram essas amigas e colegas que emprestaram cadernos e a auxiliaram a se encontrar nos conteúdos das disciplinas. Carolina Rico, uma das colegas, diz que achou bastante interessante a chegada de Eleonora. “Foi uma surpresa quando nos contaram que teríamos uma colega italiana”, lembra. Ana Paola da Silva, também colega de Eleonora, é ainda amiga da família que a está acolhendo e conta que tenta fazer com que ela se sinta em casa.
Uma grande ajuda eles recebem também dos professores, que muitas vezes repassam os conteúdos para que eles possam se integrar ao aprendizado. Para participarem, as escolas de Passo Fundo também se conveniaram ao programa de intercâmbio e passaram por uma preparação para receber estes alunos. Somente escolas que participam desse processo é que podem receber intercambistas.
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