“Quando eu olho para elas brincando, sorrindo, nem parece que elas passaram por uma cirurgia tão complicada, nem parece que estavam unidas”, comenta Adriana Ribeiro, mãe das gêmeas Kerolyn e Kauany Ribeiro do Amaral, um ano após a cirurgia de separação, realizada no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP).
No dia 2 de outubro de 2012, as gêmeas passaram por uma longa cirurgia, a primeira de separação de gêmeas siamesas realizadas no HSVP. Estima-se que a cada 50 mil nascimentos de crianças vivas, há probabilidade de ocorrer um caso de gêmeo conjugado. E o tipo das meninas atinge cerca de 6%, que são os denominados onfalópagos. Dentro dos casos raros é uma raridade. Elas eram unidas por todo o abdômen, desde o fígado, os intestinos, a parte da bexiga e a genitália. A parte óssea era separada completamente, o que permitiu manter as duas perfeitas.
Hoje, as gêmeas Kerolyn e Kauany crescem saudáveis e aos poucos começam a falar, a caminhar e a fazer diversas descobertas. O cirurgião pediátrico, Gustavo Pileggi Castro, responsável pelo procedimento cirúrgico, afirma que elas estão bem de saúde, mas que precisam de acompanhamento. “Elas têm uma má formação urogenital complexa, por isso temos que reavaliar para fazer as outras duas cirurgias necessárias. Provavelmente, o procedimento será realizado no início do próximo ano”, prevê o médico.
Muito feliz com a saúde das filhas, Adriana conta que as irmãs são cúmplices e que cuidam uma da outra. “Não há alegria no mundo maior do que olhar para elas e ver que estão bem depois de tudo o que passamos. A preocupação, as incertezas, hoje, quando olho para elas penso que tudo é possível”.
Acompanhadas no HSVP, as gêmeas são assistidas e monitoradas. “Agora elas têm um caminho longo a percorrer, que depende de cuidados pelo resto da vida”, destaca Castro. Ele ressalta que inicialmente a cirurgia de separação das gêmeas era um desafio muito grande, mas que após intensos estudos, avaliações, tudo foi fluindo e se encaminhando para a realização da cirurgia no Hospital São Vicente de Paulo. Ao falar sobre seu grande feito que marcou a história da medicina passo-fundense, o cirurgião pediátrico disse que tudo valeu muito a pena.
Com um ano e nove meses, as pequenas Kerolyn e Kauany sorriem e brincam muito. “Não existe felicidade maior que acordar e ver elas chamando, “mamãe, mamãe”.Cada descoberta delas é uma alegria para nós também”, acentua a mãe emocionada.
Relembre o caso
Kerolyn e Kauany nasceram no dia 31 de janeiro no Hospital São Vicente de Paulo. Depois de nove meses internadas para ganhar peso, elas passaram pela cirurgia de separação no dia 02 de outubro de 2012. No dia 19 de fevereiro as pequenas receberam alta hospitalar. O procedimento foi realizado pela primeira vez no interior do estado, custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).