Marcados como espaços de partilha e conquista de cidadania, os grupos comunitários são contrastes em uma sociedade individualista, que venera o capital e valoriza o lucro acima de tudo, até mesmo, do ser humano. Neste contexto, os grupos de mulheres se tornam ainda mais importantes, especialmente se vistos e vivenciados em suas essências, como locais geradores de vida a partir da amizade, colaboração e entre ajuda.
A Cáritas, que aposta na organização destes grupos como caminhos e alternativas para uma transformação social, atua nesta área a mais de 30 anos, motivando e incentivando sua constituição e fortalecimento. Um dos grupos de mulheres acompanhados pela entidade é o Divino Sorriso. Composto por 20 participantes que vão dos 12 aos 70 anos, o grupo se encontra nas quartas-feiras na comunidade Divino Espírito Santo, no Bairro Zacchia, em Passo Fundo.
A participante Zilmar Maria de Almeida, que participa a sete anos, explica: “Temos costura, pintura, crochê e o mais importante, uma roda de conversa. Costuramos, conversamos, lanchamos e depois vamos embora. É muito bom.” Ela comenta que algumas oficinas são dadas por voluntárias, como a de crochê, por exemplo. Em outras, as próprias participantes compartilham o que sabem: “Na costura a gente se ajuda, cada uma sabe fazer um pouco e vamos repassando”, ressalta.
Amábile Scorteganha, bolsista de artes visuais na Cáritas pelo Paidex/UPF, desenvolve oficinas de pintura neste e em outro grupo e relata que a atividade “quer proporcionar a prática aliada a técnicas adquiridas durante o curso. Além de provocar que as participantes também criem suas produções”. O Divino Sorriso é também uma valiosa alternativa de formação para crianças e adolescentes do bairro, que encontram ali o interesse pelas atividades manuais e ouvem no dia a dia a experiência de vida de cada participante. “O que mais me realiza no grupo é ver as meninas que até então estavam na rua, sem fazer nada, se interessando e vindo no grupo para aprender alguma coisa: pintar, fazer fuxico, costurar. Hoje em dia as mães não tem tempo para ensinar e aqui elas aprendem. Fico feliz em poder repassar alguma coisa”, salienta Zilmar.
Transformando realidades no Zacchia
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