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Ponte sobre a barragem de Ernestina vai encerrar atividade da balsa em Nicolau Vergueiro

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‘Cada carga de pedra que chega é uma facada no meu coração’. A frase do barqueiro Jorge Winter, 44 anos, preconiza o fim da atividade desempenhada por ele   há quase duas décadas  e o  começo de uma nova fase na vida dos  cerca de 1,8 mil habitantes de  Nicolau Vergueiro. A expectativa é de que a ponte sobre a barragem de Ernestina, na estrada que liga o município   com a  RS 153, seja  concluída em meados de 2014, substituindo em definitivo  a travessia feita com a balsa por quase seis décadas. A distância de apenas 170 metros separando uma margem da outra  é apontada pelos moradores como o principal entrave no desenvolvimento de Nicolau Vergueiro. Mesmo antes da construção da barragem, o acesso já era difícil. Na época das cheias, ás águas do rio Jacuí engoliam parte da ponte de madeira. A partir da inundação provocada pela represa, em 1957, a balsa passou a ser o recurso mais rápido e, muitas vezes, o único, dependendo da situação das estradas para chegar ou sair do município.

Ao que tudo indica, o problema está perto de ser resolvido. As obras da tão sonhada ponte avançam. Pelo menos 65% delas já foram executadas, incluindo toda a parte da fundação, considerada a mais demorada. No início deste mês, o Ministério da Integração Nacional liberou a 3ª parcela, de um total de quatro, no valor de R$ 875 mil para continuidade dos trabalhos. Orçada em R$ 5,2 milhões, a ponte, cuja extensão será de 94 metros, está sendo erguida com recursos da União, (R$ 3,5 milhões), Badesul (R$ 350 mil)  e uma contrapartida do município na ordem de R$ 1,3 milhão.
Em uma caixa de papelão abarrotada de papeis, o prefeito Daniomar da Costa (PMDB), atualmente em seu quarto mandato, guarda toda documentação referente à obra. O projeto, considerado uma questão de honra para ele, foi elaborado em julho de 2011, mas a ideia vem sedo pensada há bem mais tempo. “Um dia cheguei à beira da barragem.

Como o nível da água estava muito baixo, percebi que não seria tão difícil a construção da ponte. Após tantas idas e vindas a Brasília, o deputado Beto Albuquerque abraçou a causa e nos ajudou a buscar os recursos” recorda.Emancipado em 1993, o pequeno município de Nicolau Vergueiro tem na agricultura sua principal fonte de renda. Atualmente, a arrecadação anual  é de R$ 9 milhões. Para o chefe do executivo, o valor só não é maior em razão da dificuldade de acesso à cidade. “Já fiz muito contato com empresas interessadas em se instalar aqui. Mas quando descobrem a situação das estradas e a falta da ponte, desistem na hora. Quando chove ninguém passa. Temos dificuldade até para receber insumos. As empresas deixam de fazer a entrega. Não querem correr riscos. Situação que nos coloca em desvantagem em relação às demais cidades” avalia o prefeito.

Além de obstáculos para o crescimento, a dificuldade de  acesso gera despesas. Para custear a travessia de estudantes universitários e ambulâncias  que se deslocam para Passo Fundo diariamente, através da balsa, o município gasta por mês uma média R$ 2 mil. Os preços cobrados variam de R$ 6 a R$ 27, dependendo do modelo do veículo. Com a construção da ponte em andamento e a pavimentação de um trecho de 11 quilômetros da VRS 810, ligando Nicolau Vergueiro a Ibirapuitã a realidade do município começa a mudar. Uma fábrica de espetos e panelas de alumínio demonstrou interesse em investir na cidade, além de outras três fábricas de cerâmica, já em fase de instalação. Proprietário de um restaurante no município há 35 anos, Olair Ramos, 59, comemora a mudança, confiante de que a ponte trará mais clientes ao seu estabelecimento. “Tem muita gente que vem passar o final de semana na barragem. Poderiam entrar na cidade, mas fica do outro lado para não pagar a balsa” comenta.

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