Os nove homens condenados no julgamento do Mensalão, que tiveram suas prisões executadas na sexta-feira, passaram o final de semana em celas individuais no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Eles foram levados de avião da Polícia Federal até a Capital do país para iniciar o cumprimento das penas. Cada uma delas tem cerca de seis metros quadrados, uma cama, um lavatório, um vaso sanitário e chuveiro com água fria. Já as duas mulheres, Kátia Rabelo e Simone Vasconcelos, estão na superintendência da PF, também em celas individuais, equipadas com beliches, buraco sanitário e cano de chuveiro com água fria. Todos vão ficar nesses presídios até a Vara de Execuções Penais de Brasília decidir onde cada um vai cumprir a pena.
Foragido
O ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzaloto, foi o único dos 12 que não se apresentou e, por isso, é considerado foragido da Justiça. O advogado Marthius Sávio Cavalcante Lobato, que defendeu Pizzolato, no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que seu cliente está na Itália. O advogado informou que desconhece quando Pizzolato, um dos réus condenado na Ação Penal 470, o processo do mensalão, deixou o Brasil e quais foram os motivos da decisão. "Ele fez isso isoladamente. Não sei qual foi o pensamento dele. Foi uma decisão isolada", disse. Marthius Sávio Cavalcante Lobato informou que não representa mais Pizzolato. "A minha participação encerrou-se com o transitado em julgado da ação, que foi na quinta-feira [14]. Não tenho poderes para falar em nome dele. A procuração que ele me passou se encerrou no transitado em julgado. Na fase da execução, ele teve que me outorgar poderes", acrescentou ao explicar que não é mais advogado de Pizzolato.
Uma carta de Pizzolato entregue às autoridades diz que decidiu buscar um novo julgamento na Itália. "Por não vislumbrar a mínima chance de ter julgamento afastado de motivações político-eleitorais, com nítido caráter de exceção, decidi consciente e voluntariamente fazer valer meu legítimo direito de liberdade para ter um novo julgamento, na Itália, em um tribunal que não se submete às imposições da mídia empresarial, como está consagrado no tratado de extradição Brasil e Itália. Agradeço com muita emoção a todos e todas que se empenharam com enorme sentimento de solidariedade cívica na defesa de minha inocência, motivadas em garantir o Estado Democrático de Direito que a mim foi sumariamente negado”, concluiu Pizzolato.
Quem são eles
Cristiano Paz: ex-sócio de Marcos Valério foi condenado a 25 anos, 11 meses e 20 dias de prisão em regime fechado por formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro.
Delúbio Soares: ex-tesoureiro do PT pegou 8 anos e 11 meses de detenção por formação de quadrilha e corrupção ativa.
Henrique Pizzolato: ex-diretor do Banco do Brasil pegou 12 anos e 7 meses de prisão porformação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro.
Jacinto Lamas: ex-tesoureiro do extinto PL (atual PR) pegou cinco anos em regime semiaberto por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
José Dirceu: ex-ministro da Casa Civil, considerado o chefe do esquema, foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão por formação de quadrilha e corrupção ativa.
José Genoino: ex-presidente do PT e deputado licenciado (PT-SP) foi condenado a seis anos e 11 meses de prisão em regime semiaberto por formação de quadrilha e corrupção ativa.
José Roberto Salgado: ex-dirigente do Banco Rural foi condenado a 16 anos e 8 meses de prisão por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas.
Kátia Rabello: ex-presidente do Banco Rural, responsável pelos empréstimos fraudulentos ao esquema, pegou 16 anos e 8 meses de prisão e não tem direito a sair da cadeia. Foi condenada por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas.
Marcos Valério: o publicitário, apontado como operador do esquema do mensalão, pegou 40 anos, 4 meses e 6 dias de cadeia e vai cumprir a pena em regime fechado. Valério foi condenado por formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Ramon Hollerbach: ex-sócio de Marcos Valério pegou 29 anos, 7 meses e 20 dias de prisão por formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Romeu Queiroz: ex-deputado federal pelo PTB foi condenado a 6 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Simone Vasconcelos: ex-funcionária de Marcos Valério foi condenada a 12 anos, 7 meses e 20 dias de prisão em regime fechado por formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.