“Fica tranquilo. O diretor disse que todo mundo vai ser aprovado. É só ir na aula”. A frase proferida por um estudante do terceiro ano do ensino médio em uma escola pública evidencia uma situação preocupante. O alerta, feito por professores que preferem não se identificar, demonstra que há cada vez menos cobrança na escola e com isso muitos estudantes avançam as séries sem ter compreendido o conteúdo do ano anterior. Alguns modelos de sistemas de educação preveem a não reprovação.
No entanto, uma mescla entre um sistema tradicional que ainda funciona em muitas escolas e um sistema emancipatório não é viável, tendo em vista que ambos são divergentes. Para a 7ª Coordenadoria Regional de Educação (7ªCRE) a não reprovação é baseada na legislação atual.
Há 22 anos em sala de aula o professor Luiz (nome fictício) demonstra insatisfação com as pressões sofridas pela não reprovação. Segundo ele, em algumas escolas a média exigida para aprovação é de cinco e mesmo assim estudantes não a alcançam e são aprovados. Para ele, a preocupação maior diz respeito às estatísticas da escola que poderiam sofrer uma alteração negativa ao invés da qualidade do ensino oferecido.
Além disso, no caso do Ensino Médio Politécnico não são raros os casos de estudantes que não comparecem as aulas e não entregam trabalhos. Mesmo assim o professor precisa oferecer uma série de alternativas para ele ser aprovado. “Teve um caso pontual em uma escola que cheguei no início do ano e depois do primeiro dia de aula a diretora disse que determinado aluno foi reprovado e não poderia e de fato tivemos que passar. Isso acontece e é por esse tipo de coisa que a educação está do jeito que está. A qualidade do ensino está decaindo. As pessoas só estão preocupadas com estatísticas”, desabafa.
O professor destaca ainda que os educadores são abordados por direção e supervisão para que a aprovação ocorra. “Nas provas de avaliação eles não sabem ler e calcular e são aprovados para cumprir estatística”, reforça. Outra situação diz respeito ao comportamento dos pais que não comparecem quando são chamados durante o ano e no final do período letivo querem saber por que o filho pode reprovar.
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