UPF inaugura unidade para teste de vacinas em suínos

No local ocorre mais uma etapa de um estudo colaborativo de ponta na área de desenvolvimento de vacinas para suínos, envolvendo UPF e instituições internacionais

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A parceria entre pesquisadores da Universidade de Passo Fundo (UPF), da Universidade de Calgary, no Canadá, e da Universidade de León, na Espanha, para o desenvolvimento de imunobiológios modernos (antígenos recombinantes) utilizados para a formulação de vacinas capazes de proteger suínos contra importantes doenças respiratórias, entra em uma nova fase nesta semana. Foi realizado no último dia 15 de janeiro, na UPF, o ato de inauguração da Unidade Experimental para teste de vacinas e infecções experimentais em suínos. Localizado junto ao Centro de Extensão e Pesquisas Agropecuárias (Cepagro), no Campus I, o espaço atende os padrões internacionais de qualidade e segurança biológica. A apresentação da estrutura foi prestigiada pela Reitoria, presidência da Fundação UPF, diretores de unidades acadêmicas e campi, professores e representantes da empresa GSI – Marau, que forneceu os equipamentos para a montagem da estrutura.

O coordenador das pesquisas que serão desenvolvidas junto à Unidade Experimental, professor Dr. Rafael Frandoloso, explicou que o projeto teve início há vários anos e que as instalações agora inauguradas permitem produzir e alojar suínos livres de patógenos específicos (SPF - specific pathogen free) e privados de imunidade materna, condições indispensáveis para a realização dos experimentos pretendidos. “Hoje contamos com uma infraestrutura que possui três salas experimentais, sendo duas para produção de leitões e uma para protocolos de imunização e infecção experimental”, destaca. Conforme Frandoloso, as salas possuem um ambiente totalmente controlado, com ar duplamente filtrado, temperatura controlada, extração de gases, entre outras características, ou seja, nenhum microrganismo externo à instalação entra através do ar e nenhum que estiver dentro poderá sair sem ser filtrado. A sala de imunização e infecção possui ainda outros controles e permite alojar juntos todos animais procedentes das outras duas salas, o que, segundo o professor, garante que todos os animais tenham a mesma possibilidade de entrar em contato com o que estiver na sala (bioma). “Nesta sala (imunização), os suínos receberão diferentes tipos de vacinas e, após o processo de imunização, se verificará se as vacinas foram capazes de produzir anticorpos específicos (sorologia) contra os antígenos vacinais. Uma vez confirmada a presença desses anticorpos, os animais serão desafiados com uma dose letal do microrganismo Haemophilus parasuis, dose capaz de matar animais não imunizados. Posteriormente, se avaliará clinicamente e mediante estudo anatomopatológico, a capacidade de proteção conferida pela vacina”, enfatizou.

Frandoloso lembrou que o estudo já foi realizado na Universidade de León, em julho de 2012, e que os resultados foram animadores. “Em 2010 e 2011, em colaboração com as universidades de León e Calgary, desenvolvemos mediante técnicas moleculares e de proteômica, um antígeno moderno, o qual é mais atrativo para o sistema imunológico e que, consequentemente, desencadeia uma melhor resposta imunológica (protetora) nos animais. Em 2012, esse antígeno foi capaz de imuno-proteger suínos em nível muito superior à principal vacina hoje disponível no mercado para a Doença de Glässer”, afirmou. Conforme o pesquisador, agora o estudo será repetido com grandes chances de êxito. “A vacina desenvolvida já tem toda a descrição junto à Agência de Patentes Americana. No entanto, para concluirmos o registro da patente, foi solicitado que se refizesse esse segundo teste experimental, que é o que vamos fazer na UPF”, destacou, pontuando que além de mudar o cenário internacional da Doença de Glässer (ciência aplicada), o estudo explica um fenômeno biológico de grande importância científica (ciência básica). “Esse é o primeiro experimento de muitos que já estão sendo pensados pelas três instituições, o que certamente projetará a UPF internacionalmente”, finalizou.

Novo patamar de inovação

O reitor da UPF, José Carlos Carles de Souza, destacou que a inauguração da Unidade Experimental é um marco para a Instituição. “Esse ato não se resume apenas à inauguração das instalações de um espaço físico destinado à pesquisa, mas é a concretização de uma atividade que dá a exata dimensão de uma Universidade que se propõe a fazer pesquisa e inovação. Projetos desse porte dão o devido destaque para a UPF ao longo da história, colocando-a em um patamar de inovação e desenvolvimento tecnológico sem igual”, garantiu, reiterando a importância das parcerias com as instituições estrangeiras e com as empresas para o desenvolvimento de iniciativas neste sentido.

O presidente da FUPF, Alexandre Nienow, salientou que o espaço inaugurado traduz um refinamento da pesquisa na UPF. “Temos uma caminhada grande e contínua de desenvolvimento da pesquisa, que dentro de uma Universidade é utilizada também como local de treinamento para docentes e profissionais”, declarou. Já o vice-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Leonardo José Gil Barcellos, parabenizou toda a equipe que acreditou e trabalhou pelo projeto. “Um grande projeto científico traz a expansão da pós-graduação, a internacionalização, as parcerias com outras instituições e empresas. É assim que funciona o círculo virtuoso da pesquisa e da pós-graduação”, disse. Barcellos lembrou que recentemente o grupo de pesquisa aprovou recursos de mais de R$ 600 mil para o projeto junto à Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico.

O diretor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, a qual a Unidade Experimental está vinculada, Hélio Rocha, ressaltou que o conhecimento não tem limites e que inovação é sinônimo de ação. “É uma satisfação ver nossos ex-alunos, a exemplo de Frandoloso, em condições de destaque e fazendo o que a Universidade se propõe, que é o desenvolvimento comunitário”, comentou Rocha. O diretor-geral da GSI para a América Latina, Piero Abbondi, parabenizou a UPF pelo projeto inovador. “É uma satisfação integrar a iniciativa, especialmente com uma universidade que tem papel fundamental no desenvolvimento do conhecimento”, finalizou.

O vice-reitor Administrativo, Agenor Dias de Meira Júnior, o representante da Prefeitura de Passo Fundo, Edson Nunes, representantes da imprensa, demais professores da UPF e integrantes da GSI também participaram do ato de inauguração.

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