Bebê que nasceu com 470 gramas completa 4 meses

Júlia Rita tinha 1% de vida quando nasceu. Ela está sob cuidados no CTI Neonatal do HSVP

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Na companhia da família, Júlia já está pesando 1.380 gramas e mama no peitoNa companhia da família, Júlia já está pesando 1.380 gramas e mama no peito
Na companhia da família, Júlia já está pesando 1.380 gramas e mama no peito
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“Eu sempre acreditei nela, nunca desisti dela. Ao lado da incubadora eu dizia que ia esperar o tempo que fosse preciso para levá-la para casa”, conta emocionada Flávia Piva, mãe da pequena Júlia Rita, prematura de menor peso a nascer e sobreviver no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo. Flávia teve uma gravidez de risco e sofria com a pressão alta, em função disso, o bebê parou de crescer e corria risco de vida. Com 24 semanas de gestação e depois de muitos exames, no dia 4 de outubro, às 20h55min, os médicos decidiram por interromper a gravidez e com 470 gramas nasceu Júlia Rita. Nesta terça-feira (4), a bebê completa 4 meses de vida.

Acompanhada de perto pelas pediatras Jaqueline Cabeda e Cristiane Agostini Cassanelo, Júlia nasceu forte e já no Centro Obstétrico recebeu os primeiros cuidados essenciais para sua recuperação. “Nós conseguimos manter a temperatura do corpo dela e graças a tecnologia de alta complexidade que o HSVP dispõe ela foi encaminhada ao CTI Neonatal, em uma incubadora específica para prematuros extremos”, conta Jaqueline, ao ressaltar que sempre falou para a mãe de Júlia que ela tinha 1% de chance de vida, mas que faria o possível e o impossível dentro do 1% para que ela ficasse bem.

Aos dois dias de vida, Júlia estava com 380 gramas e foi diagnosticada com um sopro no coração. A cirurgia era indispensável e foi realizada no seu terceiro dia de vida, pelo cirurgião pediátrico Gustavo Castro, que aceitou o desafio de operar uma bebê com tão baixo peso. “No dia do procedimento eu fiquei muito apreensiva em função do baixo peso. Mas tudo ocorreu bem”, destaca a pediatra.

A cirurgia durou uma hora e meia, porém a mãe conta que parece ter esperado quase um dia. “Nós já vínhamos de dias tensos, mas o da cirurgia foi bem mais. Quando Dr. Gustavo saiu, disse que tudo tinha ocorrido bem, me tranquilizou, fiquei aliviada”, afirma a mãe, evidenciando ainda a força de vontade de viver da pequena Júlia. “Ela foi uma surpresa. Nós não a esperávamos para agora. Planejávamos para 2014, então fui fazer um exame de rotina e minha médica disse que eu estava grávida de 12 dias. Ainda estava tubária, não havia descido para o útero e poderia não dar certo. Ocorreu um sangramento e ao comunicar a médica, ela disse que podia não ter dado certo a gravidez. Mas os sintomas continuaram. Fiz o teste e deu positivo. A Júlia tinha vontade de vir ao mundo”, relata a mãe.

Apoio à nova rotina familiar
De Carazinho, Flávia praticamente se mudou para Passo Fundo e já são três meses acompanhando a pequena no CTI Neonatal. Em casa, o marido e o filho Affonso, de quatro anos, transmitem força e apoio para a mãe. “Só quem viu desde o começo para acreditar. A cada dia uma nova vitória;,mais peso, 1 ml de mamá, tudo eram grandes conquistas. Eu vi minha bebê se formar, crescer. Ela respirando sem oxigênio foi muito emocionante. A cada dia a Júlia surpreendia a todos, e a última é ela estar mamando no peito, um momento muito importante para mim”, salienta a mãe.

No dia a dia, Flávia contou com o apoio da equipe multiprofissional do CTI Neonatal do HSVP, tanto para o cuidado da Júlia como para o seu. “Eu só tenho elogios à equipe. Todos são muito preparados e qualificados. Tenho receio de ir para casa, de ficar sem eles. Recebi muito carinho, não só eu, mas a Júlia também. Todas as mães de prematuros recebem atenção e formamos uma grande família. A equipe e o HSVP estão de parabéns. Eu só tenho muito a agradecer”, enfatiza Flávia, afirmando ainda que cada profissional da equipe que cuidou da pequena Júlia é um pouco pai e mãe dela.

4 meses
Aos 4 meses de idade e com uma semana de idade corrigida, Júlia Rita está com 1.320 gramas e muito perto de ir para o quarto e poder ficar próxima de sua mãe. A pequena guerreira, segundo a Dra. Jaqueline, está muito bem de saúde e para receber alta só precisa ganhar um pouco mais de peso. “O primeiro passo é acreditar. Eu sempre confiei na equipe e na capacidade do Hospital São Vicente de Paulo. É uma alegria imensa saber que a Júlia está bem. Ela era tão pequena, ainda é, mas para mim ela está enorme”, comemora Flávia.

Gravidez de risco
Desde então foi uma gravidez preocupante. Segundo Flávia, a bebê não desenvolvia como deveria. “No dia 16 de setembro eu internei e foram realizados vários exames, um acompanhamento fantástico de toda equipe e, principalmente, das meninas da Maternidade. Por ser uma gravidez difícil, sem grandes expectativas de sucesso, elas vinham me preparando para enfrentar o momento. Elas me disseram que era necessário interromper a gravidez, porque fora do útero, a bebê teria mais chance de sobreviver do que dentro”. Diante destas circunstâncias, a mãe tinha a certeza de que a filha provou mais uma vez que queria muito viver.

Estrutura de alta complexidade
O Hospital São Vicente de Paulo é referência no tratamento de gestantes de alto risco e no atendimento de prematuros no interior do estado. Com equipamentos de ponta e equipes qualificadas, a instituição atende diversos casos de alta complexidade.
Júlia é o primeiro bebê de menor peso e prematuro extremo a sobreviver no HSVP. Segundo Dra. Jaqueline isso ocorreu graças a estrutura disponibilizada pela instituição. “O CTI é qualificado, os profissionais trabalham juntos. Este atendimento multiprofissional coeso aliado a estrutura permite termos histórias vitoriosas como a da Júlia. Todos estão de parabéns”.
A enfermeira Mariana Dal Molin conta que a equipe está muito contente e que o trabalho multiprofissional é importante na recuperação de bebês prematuros .“Essas conquistas servem de incentivo para o nosso trabalho diário. Somos uma equipe unida e todos colaboraram para a Júlia estar bem hoje”.

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