A notícia sobre a desarticulação de uma quadrilha, acusada de lesar aproximadamente 30 mil clientes que ingressaram com ações contra a extinta CRT, desencadeou uma corrida em diversas cidades do Estado na busca por informações sobre a situação dos processos. Em Passo Fundo, as vítimas chegaram a formar fila no setor de protocolo, no andar térreo do fórum, para obter a numeração dos processos. “Atendemos pelos menos umas 70 pessoas durante toda à tarde” informou o funcionário do setor, Luiz Altair. Segundo ele, os clientes também podem acessar a numeração através do site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, utilizando o nome. A maioria dos processos requisitados ontem, foi protocolada pela banca de advogados em Porto Alegre.
A procura por informações sobre os casos também se intensificou na delegacia da Polícia Federal de Passo Fundo. “A recomendação é de que as vítimas procurem um advogado de confiança para analisar a situação. Verificar se tem algo para receber, qual o valor. Caso tenha sido lesada, ela deve procurar o Ministério Público e ingressar com uma ação” explica o delegado Mário Luiz Vieira.
O promotor de Justiça Marcelo Pires recomenda que as pessoas observem no processo se houve liberação do pagamento por meio de alvará, se ocorreu algum saque sem o conhecimento do cliente, e quando aconteceu. “Esta situação configura apropriação indébita. As vítimas devem procurar o MP” orienta o promotor. No caso dos processos em andamento, o cliente pode pedir a revogação da procuração e transferir o caso para outro advogado. Além de Passo Fundo, a procura por informações sobre a situação dos processos também foi intensa nas cidades de Soledade, Bento Gonçalves, Veranópolis e Santa Maria.
Pastas com listas de clientes ‘não localizados’
No compartimento secreto encontrado pela Polícia Federal, durante buscas na residência do empresário e advogado, Maurício Dal Agnol, na operação Carmelina, desencadeada na última sexta-feira, havia além de uma mala de dinheiro, e animais exóticos empalhados, mais de 10 pastas contendo a relação de centenas de clientes que tiveram suas ações encerradas e que ‘supostamente’ não teriam sido localizados para receberem o pagamento. Em alguns casos, as ações alcançam a soma de até R$ 300 mil. O material será analisado pela Polícia Federal.