Brasil e Chile vão trocar informação sobre abuso a presos políticos

O Brasil é o principal destino de investimentos chilenos no mundo, tendo registrado, em 2013, um estoque de US$ 21,8 bilhões.

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Os chanceleres lembraram que as presidentas de seus países foram perseguidas por ditadurasOs chanceleres lembraram que as presidentas de seus países foram perseguidas por ditaduras
Os chanceleres lembraram que as presidentas de seus países foram perseguidas por ditaduras
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Os chanceleres do Brasil e do Chile anunciaram hoje (3) que os dois países assinarão um acordo na área de direitos humanos para a troca de informações sobre cidadãos brasileiros presos no Chile e chilenos presos no Brasil durante os regimes militares. Segundo o ministro Luiz Alberto Figueiredo Machado, uma missão da Comissão Nacional da Verdade (CNV) viajará a Santiago no fim de abril para fazer um levantamento e trocar as primeiras informações.

Figueiredo Machado e o chanceler do Chile, Heraldo Muñoz, lembraram que as presidentas Michelle Bachelet e Dilma Rousseff foram vítimas das ditaduras implantadas em seus países. “O que tem de mais simbólico do que duas presidentas que foram vítimas? Então, acho que será uma boa maneira de enfrentar o passado por meio da colaboração bilateral”, completou Muñoz. Os dois ministros se reuniram no Itamaraty.

O chanceler chileno disse que o passado não pode ser esquecido e elogiou o trabalho da CNV e as reflexões que leu ao chegar ao Brasil, em função dos 50 anos do golpe de 1964, completados no início da semana. Segundo ele, o governo chileno investigará tudo que seja possível para que a CNV realize bem o seu trabalho.

“Houve muitos brasileiros exilados que, após o golpe de 1973, no Chile, ficaram presos no Estádio Nacional, e houve torturadores brasileiros que foram enviados pela ditadura brasileira à ditadura chilena para pegar aqueles brasileiros que tinham encontrado refúgio no Chile”, disse Muñoz. Ele acrescentou que a Operação Condor também fez a coordenação dos “aparatos repressivos” das ditaduras na região.

A ditadura chilena durou de 11 de setembro de 1973, quando as Forças Armadas depuseram o governo do presidente Salvador Allende, até 11 de março de 1990, quando o ditador Augusto Pinochet entregou o poder. Segundo Figueiredo Machado, o Brasil já tem acordos assinados para a troca de informações sobre presos políticos com Argentina e Uruguai.

Esta é a primeira visita bilateral do chanceler chileno ao exterior, desde a posse da presidenta Michelle Bachelet, no dia 11 de março. O Brasil é o principal destino de investimentos chilenos no mundo, tendo registrado, em 2013, um estoque de US$ 21,8 bilhões. O comércio bilateral alcançou US$ 8,8 bilhões no ano passado, o terceiro maior resultado do Brasil com países da América Latina, com crescimento de 65,3% entre 2009 e 2013.

Agência Brasil

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