Agricultores de pelo menos cinco municípios da região participaram, na igreja Catedral, em Passo Fundo, da missa de 7ª dia da morte dos irmãos, Alcemar e Anderson de Souza. Os dois foram mortos em um suposto conflito com índios caingangues no município de Faxinalzinho. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal de Passo Fundo.
Os cerca de 200 agricultores das cidades de Vanini, Ciríaco, Ibiraiaras, Pontão e Passo Fundo, se concentraram em frente ao prédio do Ministério Público Federal e seguiram em caminhada até o centro da cidade. Logo após a missa, realizaram um protesto em frente à igreja. Integrante do Sindicato Rural de Passo Fundo, Erni João Lago, fez fortes cobranças sobre a posição do arcebispo da Igreja Metropolitana de Passo Fundo, Dom Antônio Altieri, em relação ao conflito envolvendo índios e agricultores na região. “Precisamos saber de que lado ele está. Se for dos agricultores, continuaremos frequentando a igreja como sempre fizemos. Se for do lado dos índios, vamos avaliar qual caminho tomaremos. Ele que venha a público e se manifeste” declarou.
A cobrança se deu em razão de uma nota divulgada pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em outubro do ano passado, onde o bispo Don Altieri teria ‘se queixado’ da decisão do Ministério da Justiça por ter suspendido os processos demarcatórios em andamento no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, e pedia “ações rápidas e eficazes para a solução imediata do caso”. Cópias do documento foram distribuídas durante a manifestação.
Já o deputado estadual Gilberto Capoani (PMDB), definiu como ‘equivocado’ a interpretação realizada por antropólogos ao definirem terras dos agricultores como pertencentes aos indígenas e cobrou uma posição do governo federal. “Falta uma ação da Funai, da presidente Dilma e do governador do estado” afirmou.
O prefeito de Ciríaco, Nelson Batista disse que os agricultores devem se manter unidos e alertou para uma ‘possível tragédia se os governos não resolverem o impasse’. Para o presidente do Sindicato dos Trabalhos Rurais de Passo Fundo, Alberi Ceolin 99% das terras demarcadas não são indígenas.
O protesto contou ainda com a participação do prefeito de Faxinalzinho, onde ocorreram as mortes dos irmãos Souza. Selso Pelin disse que tentou retomar ontem as aulas para os cerca de 900 alunos das quatro escolas municipais e duas estaduais, mas os pais não permitiram que os filhos saíssem de casa. “O clima continua muito tenso. Mesmo com a presença da Brigada Militar e Polícia Federal. O transporte escolar chegou a fazer o roteiro, mas não teve alunos. As aulas seguem suspensas por tempo indeterminado” declarou. Os manifestantes aguardam a chegada do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo à região nesta quarta-feira para apresentar alternativas do impasse. A reportagem tentou contato com o arcebispo Dom Altieri, que participa da Assembleia Nacional dos Bispos, em Nossa Senhora Aparecida, mas não obteve retorno.
Agricultores realizam manifestação em Passo Fundo
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