O responsável pela página Guarujá Alerta, na internet, que gerou o boato sobre uma mulher que estaria sequestrando crianças na cidade para usar em rituais de magia negra, compareceu espontaneamente hoje (6) à Policia Civil em Guarujá, no litoral sul de São Paulo.
Segundo o delegado Luís Ricardo Lara, o homem pediu sigilo sobre a sua identidade e quanto ao conteúdo do depoimento, porque sofre ameaças. "Foi bastante esclarecedor [o depoimento]. Ele mostrou disposição em ajudar a polícia e a identificar as pessoas, permitiu que a polícia tenha acesso a todo o conteúdo publicado na página. Ele vai ajudar nas investigações", disse o delegado.
O boato prosperou porque foi publicado no Facebook o retrato falado de uma mulher que tentou sequestrar uma criança no Rio. Confundida com a suspeita, Fabiane Maria de Jesus, 31 anos, foi espancada até à morte. De acordo com Diego Soares de Oliveira Scarpa, advogado do autor da página, o retrato falado sobre a existência da sequestradora existe desde 2012.
"Ele [seu cliente] só compartilhou o que estava na internet. Fez uma nova postagem alegando que surgiu o boato lá. Nós deixamos a senha do Facebook para o delegado ver que as denúncias sobre a sequestradora vinha de usuários. Até uma diretora de escola disse que não ia ter aula por causa disso. Foram muitas denúncias", disse.
Segundo o advogado, apenas o seu cliente posta na página, mas muitos usuários usam os comentários para propagar boatos. "Meu cliente tem mais seguidores que muitos jornalistas, mas ele é uma pessoa simples, um trabalhador", declarou.
O delegado informou que a Polícia Civil trabalha com as imagem divulgadas em redes sociais, na tentativa de identificar todas as pessoas que aparecem. "Fomos ao bairro Morrinhos a procura de testemunhas do crime", disse. Os autores das agressões podem responder por homicídio doloso, porque todos assumiram o risco da morte de Fabiane.
Em depoimento, o autor do Guarujá Alerta disse que suas postagens deixavam claro que a polícia não confirmava a veracidade das informações e explicitava o tom de boato. Para a polícia, é prematuro afirmar que ele tem responsabilidade no crime. Familiares da vítima foram ouvidos ontem no 1º Distrito Policial, acompanhados de advogado e forneceram cópias dos vídeos do espancamento.