Manifestação após enterro de mulher linchada

Mulher foi espancada depois de ter sido confundida com uma suposta sequestradora

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Carregando cartazes com pedidos de justiça, parentes e amigos da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 31 anos, morta após ser linchada no Guarujá, litoral paulista, fizeram um protesto na manhã de hoje (6). A manifestação ocorreu após o enterro da dona de casa, no Cemitério Municipal Jardim Paz do Morrinho. Ela foi espancada depois de ter sido confundida com uma suposta sequestradora de crianças.

Primo da dona de casa, Fabiano Santos das Neves, 33 anos, ajudante geral, falou da emoção de perder um ente querido de forma tão brutal. "Tenho uma mistura de sentimentos. Tristeza, dor, angústia, não tem nem como explicar ao certo. É uma sensação de impotência, [mas] eu creio que a justiça de Deus não falha", disse.

Segundo ele, novos protestos contra o linchamento de Fabiane estão marcados para amanhã (7), às 10h, e domingo (11), às 14h. "A gente quer que não aconteça com outras pessoas o que aconteceu com a Fabiane. A gente quer paz, que comece a ter um verdadeiro amor ao próximo, algo que sumiu", declarou.

Fabiano conta que a prima era uma pessoa que amava crianças e que, além de cuidar de duas filhas – uma de 1 ano e outra de 12 anos –, tomava conta de filhos dos parentes e vizinhos. "Ela era uma ótima pessoa, que só vivia sorrindo. Uma pessoa alegre, para cima, que sempre estendia a mão para as pessoas. É sofrimento saber que uma pessoa inocente perdeu a sua vida por um boato."

Aline Francisca da Silva Barbosa, 24 anos, era amiga de infância e vizinha de Fabiane. "Ela era uma pessoa muito boa, que não fazia mal a ninguém. Não tem nada de sequestro, a Fabiane vivia com muitas crianças, minha filha ficava com a Fabiane, brincava com as crianças dela", contou. "Isso que fizeram com ela foi uma crueldade, [essas pessoas] são um bando de monstros. A gente está indignado, a gente está revoltado, a gente quer justiça. Queremos que pare por aqui. A gente vai continuar lutando por ela", disse.

De acordo com ela, Fabiane havia descolorido o cabelo no dia anterior ao seu linchamento, o que a fez ficar parecida com a imagem postada na internet, que gerou a confusão e terminou com o linchamento da dona de casa. Na página Guarujá Alerta, no Facebook, uma postagem dizia para as mães tomarem cuidado com os filhos, pois uma mulher de cabelos loiros sequestrava crianças para usar em rituais. O boato se espalhou principalmente no bairro do Perequê.

Aline disse que as crianças do bairro estavam realmente assustadas, pois receberam orientações para não aceitar alimentos de estranhos. Momentos antes do linchamento, Fabiane saiu para fazer compras em um sacolão, depois ofereceu uma banana a uma criança na rua, o que gerou confusão. De acordo com a vizinha, uma Bíblia que Fabiane carregava também foi confundida com um livro de rituais. Fabiane foi linchada por um grupo. "Nessa hora, tinha gente que conhecia [Fabiane] e tentou defender, mas apanhou também. Eram vizinhos e conhecidos da igreja", disse ela.

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