A soja que não é recolhida pelas colheitadeiras e fica no solo muitas vezes pode germinar após o final da safra de verão e antes do início da safra de inverno. Conhecida como soja guaxa, ela pode se tornar uma planta competidora com a cultura que vai ser implantada na sequência e até causar problemas dependendo da eficiência do controle e também das condições climáticas. Embora no Rio Grande do Sul ela ainda não seja um problema grave, os produtores devem estar atentos para manter a boa sanidade das lavouras.
O engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo Cláudio Dóro reforça que a soja guaxa surge a partir dos grãos que são perdidos durante a colheita e acabam germinando. Ela pode se tornar um foco de pragas e doenças, principalmente quando os invernos são mais amenos e não há formação de geadas. Com essas condições as plantas podem permanecer no campo e armazenar esporos do fungo que causa a ferrugem asiática, que no último ano causou perdas nas lavouras. Pode ainda servir como substrato para alimentar pragas, entre elas a helicoverpa armigera.
Antes de se iniciar o plantio de uma nova cultura, o ideal seria eliminar essa soja que ficou no campo. Um dos métodos é a aplicação de herbicidas específicos. No entanto, boa parte das vezes a geada já é suficiente para eliminar as plantas que, neste momento, são indesejadas. No Rio Grande do Sul, ao contrário de outras regiões produtoras, como no centro-oeste do Brasil, não há determinações para a realização de vazios sanitários.
Controle pela geada
Nos estados brasileiros onde não há ou há menor incidência de geadas no inverno a soja pode passar de um ano para o outro no campo e representar um perigo por permitir a permanência de doenças e pragas. “No Rio Grande do Sul todo ano ocorre geada em maiores ou menores intensidade e frequência, mas ela faz esse controle. Mas pode ocorrer como em anos em que mesmo com uma ou duas geadas fortes algumas plantas permaneceram de um ano para o outro e ai sim há a necessidade de se fazer um controle químico, mas não há a necessidade de se fazer uma normativa visando esse vazio sanitário uma vez que o clima faz isso”, pondera Dóro.
Para o agrônomo o ideal para instalar uma lavoura de inverno, independente da cultura, em áreas onde não haja a incidência de plantas competidoras, como é o caso da soja guaxa quando ela surge. “Naturalmente os produtores que vão plantar tem de fazer a dessecação dessas áreas. É uma questão técnica porque tem de fazer o manejo para implantar outra cultura”, complementa. Para realizar o manejo, o produtor deve estar atento ao tipo de planta que está no campo antes de escolher o produto a ser aplicado.