As mudanças de temperatura que costumam ocorrer nesta época do ano, quando ocorre a transição do clima mais quente para o período do inverno, requerem um cuidado especial com os hábitos para evitar as complicações de saúde do sistema respiratório. “Nesta época de resfriamento, a mucosa respiratória sofre, se tornando mais suscetível tanto à ocorrência de inflamações (alergias) como infecções”, esclarece o médico infectologista Gilberto Barbosa, coordenador do setor de Controle de Infecção do Hospital São Vicente de Paulo.
Por isso, nesta época, a dica é tentar manter a temperatura ambiente o mais próximo do que se chama de temperatura de conforto, que fica em torno de 23ºC. “Isso pode ser feito se mantendo bem agasalhado, inclusive com cobertura na cabeça, uma coisa que não se usa muito, mas que é bastante interessante para ajudar a manter a temperatura”, comenta o médico. Outra dica é cuidar da hidratação, tomando tanta água quanto é recomendado durante o verão. “Quando a pessoa faz algum processo tanto inflamatório quanto infeccioso, se tiver bem hidratado, facilita com que a via respiratória fique limpa”, destaca.
A alimentação é igualmente importante. Manter uma boa nutrição contribui muito para que os quadros não sejam agravados. “Ouvimos com certa frequência que as pessoas tomem vitamina C. Do ponto de vista médico, não existem estudos e trabalhos que evidenciem que realmente a vitamina C tenha algum fator protetor. O que sabemos é que se a pessoa mantiver uma boa nutrição, que inclui uma ingesta balanceada de nutrientes, inclusive a quantidade indicada de vitaminas, dentre elas a vitamina C, é um ponto favorável para evitar essas doenças”, explica Barbosa.
Idosos e crianças são mais vulneráveis
Os cuidados com a saúde devem ser mantidos em qualquer idade, mas em crianças e idosos as recomendações precisam ser seguidas ainda mais à risca. “O idoso e a criança são mais vulneráveis, porque os sistemas imunológicos dos dois têm deficiência: a criança porque está em formação e o idoso porque tem um sistema em fase de diminuição de sua capacidade. Então, os dois precisam ter uma adesão ainda maior a estas recomendações”, salienta o infectologista.
Vacina da gripe: segue recomendação
“Dentro do aspecto preventivo, a vacina da gripe entra como um fator fundamental”, argumenta o médico. De acordo com ele, os estudos mostram que as pessoas que fazem a vacina têm substancialmente diminuídas as chances de desenvolver a gripe. “Nos idosos, a vacina reduz o risco de pneumonia em 60%. Essa é uma medida que tem uma proteção muito importante”, completa.
O médico salienta ainda que entre as pessoas que fazem a vacina por vários anos consecutivos o número de anticorpos é maior do que em quem fez somente uma vez. “Existe uma reposta, em termos de proteção, que vai aumentando. Se fizer a vacina todos dos anos, por pelo menos cinco anos, terá uma proteção bem melhor do que quem fez só um ano”, explica Barbosa. Isso vale também para quem não está listado nos grupos de risco da campanha nacional de vacinação.
Lavar as mãos sempre
Quando da epidemia de gripe A no ano de 2009, que assustou a população, uma das principais recomendações foi a de higienizar as mãos seguidamente. Apesar da epidemia não ter se repetido, a recomendação continua e precisa ser observada. “Lavas com frequência as mãos com água e sabão e usar o álcool gel são fatores importantíssimos para prevenção das infecções respiratórias e de várias outras doenças”, alerta.
No caso do álcool gel é importante dar preferência para os que contêm maior concentração da substância, em torno de 70%, e que são facilmente encontrados em farmácias. Os produtos que são comercializados como produtos de limpeza geralmente têm concentração em torno de 40%, por isso não são tão eficazes para a higienização das mãos.