A febre das figurinhas

A corrida para preencher as mais de 600 figurinhas das 32 seleções, começa cedo da tarde e segue até o fechamento do estabelecimento.

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Leandro Alves de Oliveira, 38 anos, acompanha a filha e o afilhado na busca pelas figurinhasLeandro Alves de Oliveira, 38 anos, acompanha a filha e o afilhado na busca pelas figurinhas
Leandro Alves de Oliveira, 38 anos, acompanha a filha e o afilhado na busca pelas figurinhas
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Em tempos de Copa do Mundo, o domingo passou a ser o dia da semana  em que  os colecionadores de figurinhas  se encontram  para  grande troca coletiva. Na expectativa de guardar uma lembrança do mundial disputado no Brasil, cada edição chega a reunir mais de 300 pessoas. O local é sempre o mesmo: a praça de alimentação do supermercado Zaffari Bourbon, em Passo Fundo. Desde o início da promoção ou da ‘febre’, já ocorreram oito grandes trocas. A corrida para preencher as mais de 600 figurinhas das 32 seleções, começa cedo da tarde e segue até o fechamento do estabelecimento. Por volta das 14h, já é possível encontrar crianças, jovens, adultos e idosos debruçados sobre as mesas conferindo pilhas de cromos.

A negociação segue regras simples estabelecidas automaticamente pelos participantes. “É só entregar as tuas e pegar a do outro para procurar” explica um menino de seis anos. As figurinhas correm de mão em mão e, aos poucos, a listagem trazida de casa com a numeração restante vai sendo bordada de x. Participando da quarta edição de troca consecutiva, Leandro Alves de Oliveira, 38 anos, lembra ter colecionado apenas o álbum da Copa de 86, mas não chegou a completá-lo. Este ano decidiu retomar a brincadeira ao lado da filha, Ana Clara Oliveira, 6 anos, e do afilhado, Guilherme Kurtz Bier Zanin, 13. Segundo ele, a intenção é relembrar e passar o sentimento vivido na  infância aos dois. “Acho bacana contagiar eles com esta empolgação atrás de cada figurinha. São momentos alegres e simples que vivemos juntos” comenta.


Preencher o álbum foi a forma que Sabrina Tartari, 36 anos,  encontrou para marcar a primeira Copa com o filho, João Vitor, 4 anos. Participando pela segunda vez da troca coletiva, ela também aproveita as idas à escola do garoto para aumentar a coleção. “Também tem o fato de ser no Brasil, dá um toque especial. Ele terá uma recordação e tanto quando crescer” prevê. Restando cerca de 20 figurinhas para encerrar a busca, Sabrina conta que o filho costuma assistir aos jogos pela televisão conferindo no álbum as seleções e nome dos jogadores. “Gostei mais de encontrar o Neymar” revela o pequeno.

Retornando à infância
Falar em álbum de figurinha é retornar à infância para Cláudio Borges, 43 anos. Enquanto confere cada pilha de cromo, ao lado do filho, João Manuel Borges, 13 anos, lembra-se da época em que frequentava os arredores da rodoviária de Esmeralda, sua cidade natal, catando tampinha de refrigerante com o rosto dos craques da Copa de 78, disputada na Argentina. Na edição seguinte, em 82, a busca foi pelas figurinhas que vinham nas embalagens de  chicletes. “Meus pais não tinham condições de ficar comprando a  toda hora. O negócio era se virar nos bares e rodoviária. Agora estou possibilitando isto para meu filho. A gente acaba revivendo a infância, aquela época toda” recorda emocionado.
 
Na mesa ao lado, Sandro Ribas, 43 anos, comenta que no álbum atual não existe nenhum jogador   considerado mais difícil de ser encontrado do  que a outro. Para ele, participar das trocas coletivas é maneiras mais rápida e econômica para completar a coleção. “Na nossa época não havia esses grandes encontros, a dificuldade era enorme. Comprava, comprava e sempre ficavam faltando algumas” observa.

A movimentação na praça de alimentação acabou contagiando  o jovem Jonathan Teixeira, 28 anos, Ele já havia adquirido um álbum para o filho, Bernardo, de 10 anos, mas ao ver os colecionadores reunidos decidiu entrar na brincadeira. “Achei legal este clima e resolvi participar. Vou ter que correr para completar” conta sorrindo. Funcionária da revisteira instalada no local das trocas, Fernanda Tauffer, 16 anos, dá uma dimensão  da ‘mania’. Segundo ela, diariamente é vendida uma caixa com cinco mil cromos. Nos finais de semana, o número sobe para três caixas.

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