E agora São Pedro?

Chuva atrasa plantio de trigo, prejudica estabelecimento de áreas já plantadas e causa erosão em diversos lugares da região

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A chuva das últimas semanas tem deixado os produtores de trigo em alerta. Além de atrasar o plantio, ela tem causado erosão e dificultado o desenvolvimento de áreas onde a cultura já foi implantada. Conforme dados da Emater Regional de Passo Fundo o atraso no plantio em relação a anos normais chega a 40%. Além disso, já há sinais de doenças fúngicas e o excesso de umidade do solo impede os agricultores de entrarem com as máquinas no campo para realizaram e aplicação de nitrogênio em cobertura. 

O bom início de safra é um dos fatores determinantes para um bom desenvolvimento das culturas de inverno. O engenheiro agrônomo Dr. Elmar Floss explica que as condições de encharcamento de solo existentes hoje prejudicam a emergência do trigo porque reduzem o vigor das plântulas. Na região, historicamente, o plantio do trigo se concentra na segunda quinzena de junho que é quando, geralmente são obtidos os melhores resultados em produtividade. A partir do final do mês há uma redução significativa da produtividade em função desse atraso na implantação da cultura, o que não ocorre em regiões mais frias que podem manter o plantio no mês de julho sem prejuízos.

O uso do plantio direto faz com que, nas áreas onde a semeadura é feita diretamente em cima de palhada, não se observe escorrimento de água a ponto de ter lavagem de adubo ou de sementes. No entanto, neste ano, Floss destaca que em muitas áreas onde a soja foi colhida houve a decomposição quase total da palha em função do outono mais úmido e com dias de temperatura elevada. Em função disso tem se observado a ocorrência de erosão do solo em várias áreas. O engenheiro agrônomo da Emater Cláudio Dóro acrescenta que devido a pouca palha a camada mais fértil do solo é arrastada e com isso há perda dos nutrientes e prejuízos à germinação. Neste período cerca de 90% da área de trigo a ser cultivada já deveria ter sido plantada, com base em anos anteriores. Mas apenas 50% da área recebeu as sementes.

Bom rendimento
Floss explica que um conjunto de mais de 50 fatores influenciam na produtividade do trigo. Para se obter altos rendimentos é preciso estar atento desde as características genéticas dos cultivares; os fatores de solo, como as propriedades físicas, químicas e biológicas; os fatores de manejo, ou seja, as práticas agrícolas que o produtor utiliza para fazer a lavoura desde a adubação, o tratamento de sementes e o controle de pragas e doenças. Os fatores climáticos principalmente a temperatura, a umidade relativa do ar, a precipitação a insolação são os únicos que não estão sob o controle do agricultor. Mesmo assim, nos últimos anos os triticultores aprenderam a minimizar os efeitos de condições climáticas adversas com a adoção de novas tecnologias. “Se formos olhar para trás veremos que em anos de péssimas condições climáticas para a cultura do trigo os rendimentos eram muito menores do que hoje quando ocorrem essas condições. E quando as condições climáticas são favoráveis, como foi no ano passado, nós batemos recordes de rendimento e de qualidade do trigo para a panificação”, compara.

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