Médicos cubanos reclamam apenas do frio

Equipe elogiou estrutura e recepção nas unidades dos bairros

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Ernesto Moreno Rosabal, 30 anos, diz que idioma não interfere no atendimentoErnesto Moreno Rosabal, 30 anos, diz que idioma não interfere no atendimento
Ernesto Moreno Rosabal, 30 anos, diz que idioma não interfere no atendimento
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Instalados há pouco mais de dois meses em Passo Fundo, o frio tem sido o único obstáculo para os quatro cubanos que participam do programa Mais Médicos na cidade. Eles iniciaram o trabalho há cerca de 30 dias e já estão ambientados nas comunidades. O grupo foi distribuído nas Unidades de Prevenção à Saúde dos bairros José Alexandre Zachia, Santa Marta, Professor Schisler e Planaltina. Juntas, elas são responsáveis pelo atendimento de aproximadamente 18 mil pessoas das mais diferentes idades. Pelo convênio, os médicos devem permanecer na cidade por um período mínimo de três anos, com possibilidade de renovação de outros três. O município fica encarregado de arcar com despesas relacionadas à moradia e alimentação dos profissionais. Já os salários são pagos pelo governo federal. Eles devem cumprir uma jornada semanal de 40 horas, sendo oito delas dedicadas para estudos. Além dos estrangeiros, outros dois médicos brasileiros formados na Venezuela participam do programa em Passo Fundo.

Apesar do curto período de atuação nos ambulatórios, os cubanos já conquistaram a admiração e o carinho de colegas e, principalmente, dos pacientes. Designada para a Unidade do Záchia, Dorellys Reyes, 30 anos, atende uma média diária de 20 pacientes. Um dos dias da semana é reservado para visitas domiciliares. Uma prática, segundo ela, muito comum em Cuba e também na Venezuela. “Lá as visitas acontecem praticamente todos os dias. Aqui estamos tendo toda a atenção necessária. Estou muito satisfeita. Só o frio que castiga um pouco” brinca. Coordenadora da equipe 1 do ambulatório, Salete de Souza, trabalha há 24 anos de enfermeira e não poupa elogios ao trabalho da colega. “Vieram realmente preparados. Ela faz um atendimento detalhado, conversa muito com o paciente para que ele saia daqui satisfeito e bem orientado. Se um paciente estiver precisando de algo, ela larga tudo e sai correndo atender” comenta.

Na Unidade do bairro Santa Marta, o médico Ernesto Moreno Rosabal, 30 anos, afirma que o idioma não chega a ser obstáculo durante as consultas. “Já estou falando melhor o português. Procuro conversar calmamente para que ele entenda todas as orientações” diz. Rosabal também faz questão de destacar a importância das visitas domiciliares. “Trabalhei durante dois anos em Cuba e oito meses na Venezuela neste sistema. É a forma de vermos o paciente como um todo” argumenta.

Quando estava grávida de 9 meses, Gisele Maciel da Silva, 18 anos, consultou pela primeira vez com a médica cubana, Idania Salas Santana, 26 anos, no ambulatório do bairro Schissler. Agora, com o filho João Antônio, de apenas 14 dias nos braços, ela procurou novamente as orientações da médica. “Gostei muito da maneira como ela me atendeu. Conversou muito durante a consulta. No início tive dificuldade em entender o idioma, mas ela fala calmamente e dá tudo certo” comenta.

A médica diz que a diferença do idioma não chega a ser uma barreira. “É só ter calma na hora da conversa. Fomos muito bem recebidos. A cidade é ótima, as pessoas acolhedoras. Só não me acostumei com o frio ainda” brinca.  Responsável pelos atendimentos na Unidade do bairro Planaltina, Aymee Zas de Armas, 32 anos, também acumula experiência médica tanto em Cuba como na Venezuela. Ao comparar os trabalhos anteriores com o atual, diz que a diferença está apenas no atendimento domiciliar. “Lá as visitas acontecem todas as tardes. Fora isto, é um trabalho muito semelhante. As pessoas aqui são muito atenciosas e nos receberam de braços abertos” afirma.

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