Falta medicamento para tratamento oncológico

Hospitais de Passo Fundo manifestam preocupação com o não repasse da medicação por parte dos laboratórios

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Paciente realizam as sessões de quimioterapia  a cada três semanasPaciente realizam as sessões de quimioterapia  a cada três semanas
Paciente realizam as sessões de quimioterapia a cada três semanas
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A falta de distribuição do medicamento Mesna está interrompendo o tratamento quimioterápico de muitos pacientes. A informação foi dada ontem pelo Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, que vem encontrando dificuldades para manter o tratamento de dezenas de pacientes que dependem do remédio. Os três laboratórios responsáveis por repassar o medicamento ao HSVP estão há três semanas sem disponibilizar a medicação.

Segundo o oncologista pediátrico que atua no corpo clínico do HSVP, Pablo Santiago, o medicamento Mesna não é um quimioterápico, mas sim uma medicação protetora, que evita alguns efeitos colaterais da quimioterapia. “A ifosfamina e ciclofamida são medicações usadas no tratamento quimioterápico de diversas neoplasias, porém quando não usadas com o medicamento Mesna podem causar lesões na bexiga, cistite hemorrágica, sendo importantíssimo o uso da medicação para realizar a quimioterapia”, explica o especialista, apontando que sem o uso do medicamento o paciente fica exposto à riscos.

No HSVP, atualmente em média 12 pacientes, a maioria crianças, necessitam do medicamento para fazer o tratamento. Conforme Santiago, a medicação é disponibilizada em comprimidos e ampolas (líquido), sendo que os pacientes da oncologia pediátrica não toleram o uso de comprimidos. “Os pacientes geralmente fazem a quimioterapia a cada três semanas, então já têm pacientes aguardando para fazer o tratamento, outros que vão fazer na semana que vem, e isso nos preocupa”.

Sobre os efeitos que o atraso das sessões de quimioterapia causam nos pacientes, Santiago evidencia que “a chance de cura dos pacientes diminuiu, assim como em qualquer outro tratamento”. Ele ressalta ainda que o HSVP já está em contato com os laboratórios há mais de três semanas, e que não obteve uma resposta concreta de quando eles vão voltar a fornecer o produto. “Nós ficamos preocupados com os pacientes. Tratamos e cuidamos do paciente, visando sua cura. É difícil dizer que vamos remarcar a sessão de quimioterapia em função da falta do medicamento”, destaca o oncologista.

Laboratórios não apontam motivos
Segundo a farmacêutica do HSVP, Cristine Mocelin Tatsch, em contato com os laboratórios, todos os três não apontaram o principal motivo para a falta do medicamento. “Não fomos avisados antecipadamente de uma possível falta de medicamentos, simplesmente eles não têm em estoque, por isso estamos sem a medicação. Quando telefonamos, enviamos e-mails, indagando sobre os prazos, eles prometem que estará disponível em determinado dia, porém, neste dia é repassado que ainda não há disponibilidade”.

O HSVP segue em contato diário com os laboratórios, tentando uma resposta para a falta do medicamento. “Percebemos que a falta do remédio não afeta só o Hospital São Vicente de Paulo, mas também outras instituições, e o universo de pacientes que podem ficar sem o tratamento multiplicará”, salienta Cristine.

 

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