Gênero e raça na pauta dos jornalistas

Secretária estadual de políticas para mulheres coordena curso em Passo Fundo

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Analisar e debater com os futuros jornalistas a abordagem feita pela mídia referente às questões de gênero e raça, seria o tema da palestra marcada para ontem à noite no auditório da Faculdade de Economia, Administração e Contábeis da UPF, pela secretária estadual de Políticas para Mulheres (SPM/RS), Sátira Machado. Durante o evento seriam divulgados detalhes do curso de 30 horas, com a mesma temática, destinado para capacitação de profissionais ligados à área da comunicação, que acontecerá em Passo Fundo, ainda sem data definida. Segundo Sátira, em entrevista ontem à tarde, a iniciativa é uma adaptação do projeto realizado pela Federal Nacional dos Jornalistas (FENAJ) em oito capitais brasileiras. A versão gaúcha prevê ainda a publicação de um livro e campanhas na TV. “A intenção é fomentar o debato sobre os estereótipos criados em torno das mulheres, negras, indígenas, ciganas, lésbicas. As faculdades de comunicação ainda não têm esta formação específica, elas precisam acompanhar o novo momento do Brasil com toda sua diversidade. Nosso objetivo é apresentar o debate de maneira equilibrada para que a sociedade possa opinar” afirma.

Sátira reconhece alguns avanços, ainda que tímidos, da mídia ao trazer novas abordagens, principalmente relacionadas à temática da negritude. Ela cita programas que lançam olhares para além da condição de escravo vividos pelos negros no passado. “Encontramos abordagens ressaltando a importância do negro para a construção do país, sobre sua dança, música, religiosidade, literatura, jornalismo” comenta.

A secretária chama a atenção também para a necessidade de ampliação do debate sobre a diversidade de gêneros. “Não é porque existe um casal gay na novela que eles já podem se sentirem representados. Precisamos avançar muito mais nestas questões. Este é o desafio do jornalista. A maneira como ele aborda a questão terá reflexos negativos ou positivos” cita.
Professor na disciplina de sociologia da UPF, e coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabs) ainda em formação na UPF, Frederico dos Santos diz que há uma exigência jurídico-normativa do Ministério da Educação para que os cursos de graduação contemplem este debate. “Não é uma iniciativa isolada. Os cursos têm que dar conta destas temáticas, pautar a formação do aluno privilegiando o respeito à diferença e à tolerância” destaca.

Para a presidente da Associação de Mulheres Negras de Passo Fundo, Francisca Bueno, o avanço do debate é resultado do trabalho realizado pelos movimentos sociais e a destaca o Projeto de Extensão da UPF Movimento Sociais: desafios das relações extra-raciais. Instalado em 2012, a iniciativa é o embrião para a futura consolidação do Neabs. “Juntos estamos descontruindo os estereótipos de coitados. Somos sujeitos de direito” afirma.

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