Primeiro o brinco

A celebração de casamento entre homossexuais num reduto gauchesco em debate

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Não bastasse a polêmica em um CTG de Passo Fundo, que em 2005, baseado nas normas do MTG, Movimento Tradicionalista Gaúcho, expulsou de um baile em suas dependências um músico, sob o forte argumento de não aceitar o uso de “brinco” do gaudério freqüentador, agora, nova discussão. A celebração de casamento entre homossexuais num reduto gauchesco. Mas que barbaridade tchê!

Vale lembrar que na ocasião passada, manifestos a favor e contra circularam nos meios de comunicação em nível nacional. O ocorrido culminou com uma ação judicial e a condenação da entidade ao pagamento de R$ 6.000,00, a título de reparação por danos morais. Com isso, aumentou a discussão a respeito da rigidez das normas tradicionalistas, bem como, o que deveria ser entendido por “politicamente” aceitável nos CTGs em face da contemporaneidade.

Na questão atual, a do enlace entre pessoas do mesmo sexo no CTG Sentinela do Planalto, na cidade de Santana do Livramento, vê-se novamente que a solução termine na esfera judicial, ou melhor, que mesmo após uma decisão do judiciário, instale-se uma celeuma no RS. O MTG, por suas posições enraizadas no século passado, não vislumbra a possibilidade de que pessoas, tradicionalistas ou não, ingressem em um de seus centros para trocarem argolas, “alianças”, com outra pessoa de sexo idêntico. Mas que tal isto então vivente?

Ora Patrões e Patroas! Historicamente, o homossexualismo existe desde sempre e em qualquer camada social. Reis e rainhas, aristocratas e plebeus, magistrados, governantes, esportistas e na sociedade como um todo, inclusive na reservada classe dos guardiões das tradições gauchescas.

Supor que peões e prendas passem o resto de suas vidas guardados num armário junto com as suas pilchas, é desmerecer o mais razoável critério de entendimento da liberdade humana. Afinal de contas, quem garante que por debaixo de uma bombacha não exista uma fina lingerie, ou ainda, que na sombra volumosa de um vestido de prenda, não se esconda uma cueca samba canção.

Quanto ao casório coletivo e diversificado em Santana do Livramento, a solução encontrada pelos conservadores da hipocrisia foi a de atear fogo no rancho das tradições. É notório que, para os estes mandatários inflexíveis que ostentam as suas pilchas envelhecidas, mais vale afrontar as leis e se enquadrarem numa tipificação penal do que aceitarem a liberdade de escolha e a igualdade de tratamento ara todos. Garantias asseguradas pela lei maior da República Federativa do Brasil.

Dito isso, então. Votos sinceros de felicidades para todos os nubentes. E quanto ao preconceito homofóbico, que ele permaneça para todo e sempre, fazendo parte, somente, do nosso passado tradicionalista.

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