Na reta final da safra, estoques elevados devem pressionar preços

Estimativas apontam estoques entre 400mil e 500 mil toneladas da safra 2013/14 e perspectiva de colheita de 3,03 milhões de toneladas a partir deste mês

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A safra de trigo que deve começar a ser colhida em breve no Rio Grande do Sul terá de enfrentar os altos estoques do grão no Estado no momento da comercialização. De acordo com o consultor da New Agro Commodities Gean Kuhn há estimativas de que ainda restem entre 400 mil e 500 mil toneladas de trigo estocadas no Estado. Para esta safra a expectativa é de um rendimento aproximado de 3,03 milhões de toneladas que aumentarão o excedente de grão e, consequentemente, deverão pressionar os preços a serem pagos aos produtores. 

A principal dúvida que resta é como garantir uma boa lucratividade no momento da comercialização com alternativas de escoamento precárias até momento, conforme destaca o consultor. “A exportação ainda não seria a solução, porque o preço final não cobriria o custo de produção dos triticultores. O cálculo puro e simples da composição dos preços de exportação do trigo mostra que o preço líquido posto no interior se afasta cada vez mais dos praticados pelo mercado interno”, esclarece. Kuhn explica que hoje os preços líquidos de uma exportação para dezembro de 2014, girariam na faixa de R$ 460 por tonelada tanto nos portos de Rio Grande quanto de Paranaguá. De acordo com ele, ambos estão longe das pretensões dos agricultores locais e abaixo dos preços pagos pelos moinhos no mercado interno.

Garantia de preço mínimo
Kuhn considera imprescindível uma ação do governo com o intuito de garantir o preço mínimo para o cereal que é de R$ 33,45 por saco. “No último dia 22, foi anunciada a liberação de R$ 150 milhões para leilões de subvenção ao preço do trigo da safra 2014 através de leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)”, pontua. Ele explica que este é um mecanismo em que o governo, em momentos de baixa das cotações, paga ao produtor a diferença entre o valor de mercado do produto e o preço mínimo oficial. “Na ocasião, também foi dito que serão destinados R$ 200 milhões para Aquisição do Governo Federal (AGF) de trigo, por meio da qual o governo acumula estoques”, completa.

Situação dos estoques e perspectiva de consumo
As estimativas apontam que o Rio Grande do Sul tenha entre 400 mil e 500 mil toneladas de trigo da safra 2013/14 ainda estocadas, e expectativa de colher 3,03 milhões de tonelada do grão a partir deste mês. Enquanto isso o consumo estimado do produto fica próximo de 1,5 milhão de toneladas que serão destinadas entre moagem de um ano, ração e sementes. “Se esses números se confirmarem depois da colheita, que deverá ser concluída na primeira quinzena de dezembro, o excedente previsto será de, aproximadamente, 2,3 milhões de toneladas somente no Rio Grande do Sul, somado a esse número, devemos considerar a necessidade de importação de, aproximadamente, 300 mil toneladas de trigo argentino tipo Bahia Blanca”, prevê lembrando que o trigo argentino citado serve para a produção de farinhas finas por ter qualidade superior ao gaúcho, ser mais forte e de cor mais clara, requisitos exigidos pelo consumidor final. Outro fator a ser considerado é a colheita do Paraná que deverá gerar um excedente de cerca de 1,8 milhão de toneladas.

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