Liberada desde o final de 2012, para tentar conter a proliferação e os prejuízos provocados à biodiversidade, o Ibama no Rio Grande do Sul e também de Santa Catarina não descarta a possibilidade de rever a posição e proibir a caça do javali-europeu e de seu híbrido com o porco doméstico, conhecido por javaporco, nos dois estados. A medida passou a ser cogitada dentro da instituição em razão do aumento de denúncias envolvendo caçadores que estão se utilizando da licença para matar outras espécies protegidas por lei.
Na base avançada de Passo Fundo, responsável pelo maior número de caçadores cadastrados em todo o estado (cerca de uma centena), são vários relatos sobre a matança de animais silvestres. Em um deles, registrado mês passado na região, o proprietário de uma fazenda contratou um caçador de javali para dar fim a um puma, espécie de onça parda, que rondava a propriedade. “Descobrimos que ele matou a fêmea e o filhote. É uma espécie ameaçada de extinção, estamos investigando este caso” relata o chefe da base, Flabeano de Castro.
Segundo ele, a situação chegou a tal ponto que os próprios caçadores de javalis que seguem à risca a legislação, revoltados com o abate de outras espécies, estão denunciando os casos. ‘Na região de Lagoa Vermelha, Vacaria e Esmeralda, temos diversas denuncias sobre a caça de veado, outro animal ameaçado de extinção. Há cerca de 30 dias, acompanhamos uma equipe de caçadores de javalis e encontramos uma diversidade de animais ao longo da caçada, que precisam ser protegidos ’ diz Castro. Além de responder por crime ambiental, o caçador flagrado com animal silvestre responde ainda por porte ilegal de arma, mesmo tendo a licença para o abate de javalis.
Na tentativa de conter a caça ilegal, o Ibama já traça algumas estratégias. Uma delas é convocar todos os caçadores cadastrados na base de Passo Fundo, e também quem tiver interesse em se tornar um futuro caçador de javali, para uma reunião no auditório do Ministério Público. O encontro vai servir para esclarecer dúvidas e conscientizar sobre a importância do cumprimento das regras. Se a medida não surtir efeito, a hipótese de suspensão da caça passa a ser a mais provável.