O uso excessivo de defensivos agrícolas tem preocupado os técnicos da Emater que atuam na região. No milho, por exemplo, os agricultores precisam usar entre três e quatro aplicações para controlar pragas como a lagarta do cartucho, por exemplo. Esses agrotóxicos, além de não conseguirem fazer um controle total, agridem a natureza e matam insetos benéficos, como é o caso das abelhas. Uma técnica, que não é nova, mas estava em desuso na região, está sendo reintroduzida na tentativa de diminuir o uso de agroquímicos e preservar o meio ambiente. O controle biológico de praga com a vespa Trichogramma spp está sendo testado e o objetivo é ampliar seu uso nas lavouras. Nesta safra, a tecnologia deve ser usada em pelo menos dois mil hectares.
Os testes se iniciaram ainda no ano passado quando 57 produtores dos 40 municípios abrangência da Emater Regional de Passo Fundo, pelo menos um em cada município, realizaram os testes. Os resultados surpreenderam. O engenheiro agrônomo Cláudio Dóro explica que muitos agricultores conseguiram controlar a praga com apenas uma soltura de vespas, sem a necessidade de produtos químicos. “Isso representa menor agressão à natureza e aos produtores que aplicam esses produtos”, pontua. No ano passado, foram 477 hectares controlados biologicamente.
Aumento de área
Para ampliar a área com controle biológico de pragas, em parceria com a Emater foi instalada uma biofábrica em Montenegro para reproduzir as vespas Trichogramma spp. Antes, o material era trazido de São Paulo ou Minas Gerais. “É uma tecnologia que deu certo. É segura, barata e protege o aplicador e o meio ambiente. O que chamava nossa atenção era o número de aplicações de defensivos. No milho tradicional, eram três a quatro aplicações e muitas vezes sem sucesso pleno e agora com uma aplicação desta vespa faz-se o controle”, compara Dóro. A Trichogramma spp tem ação ainda sobre a lagarta da espiga.
Quem usou
O produtor da comunidade de Bela Vista Alberi Ceolin usou a técnica no ano passado e repetiu nesta safra. De acordo com ele, o resultado positivo da safra anterior o motivou a continuar usando a técnica nos seis hectares de milho. “Neste ano optamos por usar de novo e não estamos vendo infestação de lagarta. O uso de inseticida diminui e causa menos danos”, concorda. Ceolin observa que com o uso do controle biológico o controle das lagartas é mais eficaz. Na opinião dele, o custo não é o principal atrativo para se investir na tecnologia, mas os benefícios extras ao controle da praga compensam.