A queda da produção de cevada na região pode superar os 60% em relação à expectativa inicial de produtividade. Problemas climáticos que prejudicaram a cultura e favoreceram a ocorrência de doenças também influenciaram na baixa qualidade do produto colhido. A maior parte da produção não atinge o padrão exigido pela indústria e com isso há uma queda significativa no preço a ser pago pelo grão que fica abaixo ao do milho. As informações são do pesquisador da Embrapa Trigo Euclydes Minella.
De acordo com ele, ainda há cevada para ser colhida no nordeste e sul do Estado que podem ter melhor sorte que a do norte, planalto médio e centro do Rio Grande do Sul. “O problema maior não é rendimento e sim o fato de que a cevada colhida não atinge o padrão industrial e, com isso, passa a ter preço abaixo do milho”, compara destacando que no Estado a quebra total deve ultrapassar os 50%.
Assim como para o trigo, o problema nesta safra foram as chuvas excessivas do final de setembro até meados de outubro que atingiram a cevada em estágios de granação e maturação causando a germinação ainda no campo o que desclassifica a cevada para malte. “Safras frustradas, infelizmente ocorrem com frequência na região sul do país principalmente em anos de El Nino, quando chove bem mais do que o normal, principalmente no início da primavera”, acrescenta. Nas regiões norte e planalto do RS foram cultivados em torno de 20 mil hectares de cevada. Nas lavouras se observou ainda uma epidemia de giberela associada a manchas foliares, doenças que foram favorecidas pelo clima.
Comercialização
A cevada produzida na região é praticamente toda destinada a maltaria da Ambev em Passo Fundo, que é a empresa que fomenta a produção e trabalha em regime de contrato com o produtor. “Assim não há alternativas para cevada industrial. Entretanto a cevada não recebida, que não tem padrão industrial, coloca o grão colhido no rol dos grãos forrageiros para o qual existem mais alternativas”, pondera Minella. O pesquisador explica essa quebra na safra pode desestimular os produtores, tendo em vista o fato de que eles tendem a valorizar o resultado da última safra na tomada de decisão sobre o que plantar na safra seguinte. “Sabemos que nosso clima é irregular e antes do plantio não temos ainda capacidade de antecipar o clima de primavera e o ano anterior pouco informa sobre o seguinte”, enfatiza.
Por outro lado, ele argumenta que é de pleno conhecimento de todos os elos da cadeia produtiva que frustrações de safra como esta não são novidade. “Todos sabemos que as maiores frustrações estão associadas ao excesso de chuvas no início da primavera. Em anos de El Nino, como este, chove bem mais e mais frequentemente a partir do final de setembro quando os cereais entram, em geral, na fase mais crítica do desenvolvimento. Anos como este são simplesmente letais para cereais de inverno no que tange a qualidade, não havendo genética e tecnologia de produção que evite”, conclui.
Queda na produtividade pode superar 60% na região
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