Dal Agnol condenado a pagar vítima do acordão

Documento foi descoberto na operação Carmelina e envolve a empresa Brasil Telecom (atual OI)

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Dal Agnol, na última audiência que esteve no Fórum de Passo FundoDal Agnol, na última audiência que esteve no Fórum de Passo Fundo
Dal Agnol, na última audiência que esteve no Fórum de Passo Fundo
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O advogado suspenso Maurício Dal Agnol sofreu a primeira derrota na Justiça referente ao acordão firmado com a Brasil Telecom (atual OI). Pelo contrato, ele receberia R$ 50 milhões da empresa para realizar acordos com seus clientes. Dal Agnol renunciava a uma parcela dos créditos em benefício da operadora. A transação era feita sem o conhecimento dos clientes. A decisão abre precedente para os cerca de 5.557 processos envolvidos no esquema. O documento havia sido encontrado em um compartimento secreto na residência do advogado durante a operação Carmelina, deflagrada em fevereiro, pelo Ministério Público e Polícia Federal. 

Pelo contrato, além dos R$ 50 milhões, Dal Agnol ainda teria direito a receber metade de todo o valor que conseguisse recuperar de seus clientes, através dos acordos. A outra parte seria repassada à Brasil Telecom. Os mais de cinco mil processos envolvidos atingem entre 15 a 20 mil pessoas. Uma destas vítimas obteve a primeira vitória semana passada na Justiça. Por decisão da juíza Lizandra Cericato Villarroel, da 3ª Vara Cível de Passo Fundo, ele terá de pagar o valor de R$233.760,64 ao ex-cliente.

A vítima ingressou com uma ação indenizatória por danos materiais contra Dal Agnol, justamente para recuperar os prejuízos provocados por este acordo, do qual não tinha conhecimento. No caso, o crédito a ser pago pela Brasil Telecom após a última decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça ter consolidado o direito do acionista, em 2009, totalizava a quantia de R$192.439,52. Com o acordo, o crédito acabou reduzido para R$91.664,85, ou seja, um valor muito inferior ao que efetivamente teria direito. Na nova decisão, ele foi condenado a pagar R$ 233,760,64 ao ex-cliente.

Na avaliação da advogada Deise Fauth Ariotti, que defendeu o cliente na ação, a decisão abre um precedente para os demais casos. “A primeira sentença do Estado a tratar da matéria específica envolvendo o acordo cria um importante precedente para as vítimas do golpe, uma vez que a pactuação ocorrida entre o Maurício Dal Agnol e a Brasil Telecom teve como objetivo principal proteger interesses da empresa e do advogado em detrimento de milhares de pessoas” observou.

Na sentença, a magistrada afirma que ‘Dal Agnol atuou em manifesto benefício próprio, infringindo os deveres elementares de seu ofício e excedendo os poderes que lhe foram outorgados’. A defesa de Dal Agnol poderá recorrer da decisão.

Empresa

À época da divulgação do contrato, a assessoria de comunicação da empresa Oi informou, através de nota, “que todos os contratos estabelecidos pela companhia são juridicamente perfeitos e estabelecidos estritamente dentro do que determina a lei, não sendo admitido nenhum tipo de ilicitude. Todos os acordos judiciais referentes ao episódio mencionado pela reportagem foram celebrados no âmbito do Judiciário e homologados em juízo”.

Audiência
Preso desde o dia 22 de setembro, o advogado Maurício Dal Agnol participou ontem à tarde, da primeira audiência no Fórum de Passo Fundo, referente a três processos em que é acusado de apropriação indébita. O trabalho foi coordenado pela juíza Ana Cristina Frighetto Crossi, da 3ª Vara Criminal da Comarca de Passo Fundo.

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