Mais de 529 mil candidatos zeraram a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014. O resultado, divulgado na terça-feira (13) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostrou uma queda de 9,7% no desempenho dos concluintes do ensino médio em relação ao ano anterior. De acordo com o ministro da Educação, Cid Gomes, a queda merece a atenção da academia para que se entenda o porquê dos índices baixos, já que, de acordo com ele, em um ano não houve grandes variações de financiamento ou de corpo docente no ensino médio que pudessem explicar a queda no desempenho. Ao todo, segundo o Inep, 6.193.565 candidatos fizeram as provas nos dias 8 e 9 de novembro do ano passado em mais de 1,7 mil cidades brasileiras.
Cada redação do Enem foi corrigida por dois corretores de forma independente. A nota total de cada corretor corresponde à soma das notas atribuídas em cinco competências avaliadas. Conforme os dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), na edição do ano passado foram corrigidos 5.934.034 textos, dos quais 2.695.949 passaram para um terceiro corretor e 283.746 tiveram avaliação de uma banca de especialistas. As cinco competências levadas em conta na correção da prova são: domínio da norma padrão da língua escrita; compreensão da proposta de redação; capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação, e elaboração de proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
Em 2014, entre os que zeraram a redação, 13.039 copiaram textos motivadores da prova; 7.824 escreveram menos de sete linhas; 4.444 não atenderam ao tipo textual solicitado; 3.362 tiraram zero por parte desconectada; 955 por ferirem os direitos humanos e outras 1.508, por outros motivos. Para o professor Ironi Andrade, o resultado é o conjunto de diversos fatores. “As escolas, na situação em que se encontram, com a metodologia que adotam e com o desânimo de seu corpo docente, não tem condições de preparar melhor seus alunos. E, se serve como um alerta, aviso que a tendência é a situação piorar ainda mais. Ou se conserta a educação, ou o descaso para com ela acaba conosco”, pontua o professor. Ironi também destaca alguns pontos que podem ser observados para que os alunos estejam preparados para as próximas redações e não corram o risco de fazer como os mais de 520 mil colegas que tiraram a nota mais baixa na redação do Exame: “A primeira das dicas é, sem dúvida, estimular a leitura. As escolas também precisam parar de impor a leitura como um castigo, pois a leitura existe para proporcionar prazer. Depois disso, a metodologia de ensino da Língua Portuguesa terá de sofrer uma mudança geral. Por fim, as escolas que formam professores terão de ser mais competentes. Professores e alunos precisam saber que, numa prova, não se escreve o que se quer, mas aquilo que um examinador, ou uma banca examinadora quer. Ainda há muita deficiência interpretativa. É necessário questionar a abordagem da proposta da redação”, finaliza.
O tema da redação do Enem 2014 foi “Publicidade infantil no Brasil”, e a nota de redação vai de zero a 1.000 pontos divididos nas cinco competências. Cada competência possui cinco faixas que vão de zero a 200 pontos. Foram, em 2014, 250 alunos que obtiveram a nota máxima na redação, enquanto em 2013, com menos inscritos, 481 redações tiveram nota máxima e menos de 107 mil obtiveram nota zero.
