O verde intenso, a área foliar bem desenvolvida e com poucos danos são sinais de que o clima tem colaborado para o desenvolvimento da soja na região. Com 50% da área em fase de floração, o clima é de otimismo para os agricultores que no mesmo período do ano passado sofreram com a falta de chuvas. Conforme avaliação do engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo Cláudio Dóro a perspectiva até o momento é de uma excelente produtividade.
O equilíbrio entre o volume de chuva, o tempo de luminosidade e o calor adequado é que tem favorecido as lavouras. Isso porque as temperaturas têm variação entre 20ºC a 32ºC, média de sete a oito horas de luz por dia e chuvas abundantes. “Temos percebido que é excelente para a soja que está com ótima área foliar e plantas robustas. Isso dá suporte para aguentar boa carga de vagens e ter um bom enchimento de grãos”, acrescenta. Segundo ele, os resultados até o momento são comparáveis ao desenvolvimento com irrigação. “O potencial produtivo é muito bom. Estamos trabalhando hoje com média de produtividade em torno de 3 mil quilos por hectare, podendo até ser superior a isso”, pontua.
Além de beneficiar o crescimento das plantas, o clima tem estimulado o aumento das populações de inimigos naturais de pragas que acabam fazendo um controle. “O clima ideal para a ocorrência de pragas seria um clima seco. Como estamos tendo um clima úmido isso favorece o desenvolvimento de inimigos naturais. Além disso, os agricultores, escaldados do ano passado, compraram bons inseticidas e estão realizando aplicações preventivas. Esses dois fatores têm contribuído para o aspecto fitossanitário estar tão bom”, explica. Além das pragas, até o momento não foram registrados problemas com doenças.
Produção
Na região abrangida pela Emater Regional de Passo Fundo 40% da soja plantada está em desenvolvimento vegetativo, 50% em fase de floração e 10% em formação de vagem. “As variedades plantadas mais cedo e que têm grupo de maturação precoce são rápidas. Muitas lavouras estão enchendo grãos e em março vamos ter colheita já”, avalia. O andamento da lavoura está dentro do tempo normal, no entanto com qualidade muito superior à última safra.
Milho
As áreas cultivadas com milho estão na fase final de enchimento de grãos e já entrando no período de maturação. Apesar de algumas áreas já terem sido colhidas, a retirada do grão do campo deve se intensificar apenas daqui um mês. “A produtividade deverá ficar em torno de 7,2 mil quilos por hectare. Temos lavouras que vão colher entre 180 e 200 sacas e outras 100 ou 150. Mas é uma lavoura bonita e de boa produtividade, caso não dê nenhum evento excepcional daqui pra frente”, pondera.
No Rio Grande do Sul o consumo de milho deve ser de 5,8 milhões de toneladas. No entanto a produção deve ficar em aproximadamente 4,7 milhões de toneladas. Com isso, o Estado continuará sendo dependente de outros estados e mesmo de países vizinhos como Paraguai, Uruguai e Argentina. “No entanto, no Centro-Oeste tem muito milho. Hoje os estoques brasileiros são de 20 milhões de toneladas e esse estoque impacta no preço negativamente. O milho está cotado hoje entre R$ 24 e R$ 25 e no ano passado, na mesma época, estava cotado a R$ 26”, compara. Uma das saídas para melhorar o preço do grão seria a exportação, no entanto, neste ano, ela está baixa e isso contribui para segurar os preços. “A tendência é ficar nesses patamares entre R$ 24 e R$ 24,50 nos pequenos lotes entregues pelos produtores”, acredita.
Momento de cautela
No caso da soja, o preço tem apresentado alta volatilidade na Bolsa de Chicago, segundo Dóro. Isso baseado no câmbio e clima. “Esses dois fatores estão oscilando e o valor do bushel está entre U$S 10 e U$S 10,50 e deve ficar assim até entrar a safra. A safra está indefinida ainda, estamos na metade do ciclo, e tem alguns estados brasileiros que estão com problema de falta de água”, argumenta. Além disso, a safra americana, superior a 107 milhões de toneladas, aumentou os estoques mundiais. “O agricultor tem de manter cautela, monitorar a lavoura e estar de olho no mercado. Manter o custo de produção atualizado e estipular uma margem de lucro para ir vendendo parceladamente a produção”, orienta neste momento.