A adoção de técnicas de conservação do solo depende das características de cada propriedade. Nem sempre apenas uma delas é suficiente para garantir um bom resultado. O pesquisador da Embrapa Trigo José Eloir Denardin e o professor do curso de Agronomia da UPF Pedro Escosteguy são especialistas na área e explicam que fatores devem ser levados em consideração quando o objetivo é manter um bom potencial produtivo nas áreas de lavoura.
O professor Escosteguy explica que são várias as técnicas que devem ser usadas em associação ao plantio direto para proteção do solo e preservação do meio ambiente. Elas variam com a propriedade e o sistema de cultivo. “Em geral, pode-se citar o terraceamento em áreas com declividade acentuada, a rotação de culturas, geração de quantidades expressivas e manutenção de resíduos culturais sobre a superfície do solo, tráfego controlado de máquinas e operações com umidade adequada, fertilização como recomendado pela pesquisa, manutenção de terraços e de estradas internas, plantio em contorno, entre outros”, inicia.
O pesquisador da Embrapa Trigo explica que tanto o Plantio Direto (PD) quanto o Sistema Plantio Direto (SPD) reúnem apenas parte das práticas requeridas pela agricultura conservacionista. “Portanto, em razão das características climáticas (chuvas intensas) e topográficas (pendentes declivosas e longas) da região, é indiscutível que o estabelecimento rural ou a lavoura deve, primeiramente, receber obras conservacionistas para, a seguir, receber o SPD. Práticas conservacionistas, para conter erosão, perdas de água, de solo, de material orgânico, de calcário, de fertilizantes e de outros insumos depositados na superfície do solo ou nos primeiros centímetros de profundidade do solo, devem preceder a adoção do SPD. Para que se possa ganhar, é primordial prevenir perdas”, salienta.
Semeadura em contorno e terraceamento
Denardin enfatiza que é inadmissível que essas duas práticas conservacionistas sejam ignoradas tendo em vista que constituem os princípios básicos do manejo de terras agrícolas. “É importante destacar que o terraceamento requerido pelo SPD é muito diferente daquele que se aplicava no preparo convencional. A técnica de dimensionamento foi alterada. A densidade de terraços por unidade de área é extremamente menor. A distância horizontal entre os terraços, no preparo convencional, variava entre 15 e 30 metros e, no SPD, oscila entre 40 e mais de 120 metros. No preparo convencional, o estabelecimento rural era totalmente terraceado. No SPD o terraço é projetado e construído onde há necessidade. A partir do terraceamento, automaticamente a semeadura passa a ser em contorno”, explica.