Um ano da Operação Carmelina

Polícia Federal pretende concluir cerca de 200 inquéritos até a metade de 2015

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Responsável por trazer à tona um golpe milionário envolvendo ações da extinta CRT, a Operação Carmelina, cujo nome faz referência a uma das vítimas, completa um ano hoje (sábado). No final da semana passada, o homem acusado de chefiar o esquema foi solto após quase cinco meses de prisão e nove pedidos de liberdade negados.  Maurício Dal Agnol deixou o Presídio Regional de Passo Fundo a partir de um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF),  Marco Aurélio Mello.

Passados 12 meses, a Polícia Federal, responsável pela operação juntamente com o Ministério Público Estadual,  segue vasculhando documentos, aguardando resultado de perícias, ouvindo vítimas e suspeitos para dar conta de pelo menos 200 inquéritos em fase de instrução. A maioria deles com fortes indícios de crime de apropriação indébita. Outros 10 já foram concluídos e enviados à Justiça.

Entre as pilhas formadas por duas centenas de inquéritos  está o caso que ficou conhecido como acordão, envolvendo Dal Agnol e a empresa Brasil Telecom. Pelo contrato, além de receber  R$ 50 milhões da empresa, o advogado suspenso pela OAB ainda  teria direito a metade de todo o valor  que conseguisse recuperar de seus clientes através dos acordos, mais os honorários. A outra parte era repassada para a empresa de telefonia. Os mais de cinco mil processos envolvidos no acordão atingem entre 15 a 20 mil pessoas.

Além de Dal Agnol, que deve ser ouvido na próxima semana sobre este fato, a PF deverá interrogar pelo menos outras 10 pessoas, cujos nomes constam no documento encontrado na casa de Maurício. Há suspeitas de pelo menos dois crimes: apropriação indébita e formação de quadrilha.

“Já estamos em fase de instrução. Muitos suspeitos residem em outros estados, talvez tenhamos que ouvi-los por carta precatória” declarou o responsável pelo caso, delegado Mauro Vinícius Soares de Moraes. 

 Segundo o policial, a previsão  é concluir e  encaminhar todos os inquéritos à Justiça até a metade do ano. Além dos interrogatórios, a PF aguarda ainda o resultado da  perícia nos computadores apreendidos em poder de Dal Agnol. “Esperamos concluir neste período, no entanto, quase que diariamente vítimas procuram a delegacia para relatar novos casos. Nossa orientação para quem  tem dúvida se foi ou não lesado é para procurar um advogado de confiança e examinar o caso” observa.

Durante a Operação Carmelina e seus desdobramentos nos dias seguintes, foram encontrados na residência, escritório e num pavilhão  no bairro Lucas Araújo, em nome do advogado, uma grande quantidade de documentos. Parte dele foi minuciosamente examinado por uma equipe da Delegacia Receita Federal, de Belo Horizonte, especializada em  grandes contribuintes. Os técnicos estiveram em Passo Fundo para avaliar os documentos relacionados aos supostos crimes tributários. O relatório ainda não está concluído.

“As investigações e a operação tinham dois grandes objetivos. Um deles era descortinar os delitos. O que já foi confirmado nas decisões anunciadas contra Dal Agnol na esfera cível. O segundo é minimizar os danos causados por ele ressarcindo as vítimas” afirma Moraes. A reportagem de ON entrou em contato com a defesa de Dal Agnol, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.

          

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