Sorrir faz bem em todos os sentidos. Quem está bem fica melhor e para quem está triste, frágil, o sorriso conforta, alegra, motiva a querer melhorar. No ambiente hospitalar é assim, os pacientes estão quietos, apáticos e de repente são surpreendidos ao verem um “bando de palhaços” dispostos a transformar o silêncio do quarto em burburinhos, risadas, encantamento e alegria. Despertar o sorriso dos pacientes internados no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), de Passo Fundo é o objetivo do projeto Sorriso Voluntário, desenvolvido desde 2013, pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Com o foco na alegria do cuidar, o grupo realiza atividades lúdicas para amenizar o sofrimento dos pacientes e familiares. Em 2014, foram realizados 1.680 atendimentos.
Segundo a professora de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da UPF e coordenadora do Sorriso Voluntário, Cristiane Barelli, a essência do trabalho é promover uma comunicação sensível entre os alunos extensionistas, pacientes, familiares e profissionais, por meio de estratégias lúdicas (terapia do riso, música e contação de histórias), tornando a relação profissional de saúde-paciente mais humanizada, segura e integral. Mais detalhadamente, “a humanização do convívio ocorre por meio da problematização, treinamento e práticas de atividades lúdicas. Trata-se fundamentalmente de uma estratégia terapêutica, estimulando-se o riso como terapia complementar”.
O reconhecimento do trabalho é evidenciado, conforme a coordenadora, através de convites para ações, atração de novos voluntários, depoimentos de pacientes e familiares, recepção calorosa dos pacientes e equipe de enfermagem, sentimento de gratidão dos pacientes e familiares. “O aprimoramento profissional dos participantes; a felicidade dos alunos envolvidos após cada invasão. Nós seguimos o lema de um de nossos pacientes, que disse que 'é bom ser bom!'", ressalta Cristiane o valor e a importância de vários resultados já conquistados pelo Sorriso Voluntário.
Para o ano de 2015, em conjunto com o HSVP, foram elencadas temáticas prioritárias que estão relacionadas à humanização do cuidado, segurança do paciente e prevenção primária do tabagismo. “Nossas brincadeiras, piadas e histórias terão essas temáticas de fundo, que são tão importantes para alertar os profissionais, pacientes e cuidadores, de que todos nós temos nossa parcela de contribuição para assegurar a qualidade no cuidado hospitalar”.
Quanto ao tema segurança do paciente, o enfermeiro e assessor da Chefia de Enfermagem do HSVP, Michael do Amarante, pontua que esse assunto está em evidência desde o início dos anos 2000, sendo que recebeu maior atenção do Ministério da Saúde no ano de 2013, quando foi publicada a RDC 36. Esta normativa, segundo ele, tem o objetivo de instituir ações para a promoção da segurança do paciente e a melhoria da qualidade nos serviços de saúde, proporcionandouma redução dos eventos adversos relacionados ao cuidado em saúde. Por isso, a importância das “ organizações de saúde de criar a cultura da segurança. que corresponde a um conjunto de valores, atitudes, competências e comportamentos que determinam o comprometimento com a gestão da saúde e da segurança, substituindo a culpa e a punição pela oportunidade de aprender com as falhas e melhorar a atenção à saúde”.