A paralisação dos caminhoneiros em todo o Brasil já causa reflexos na economia. No setor agrícola falta ração para alimentação de animais criados para abate e indústrias começam a sentir a falta de matéria prima. Além disso, a soja que está sendo colhida na região centro-oeste também está com dificuldade para ser escoada. A preocupação é ainda maior com a proximidade da colheita da soja no Rio Grande do Sul. Se a paralisação continuar os reflexos para a economia podem ser catastróficos conforme avalia o consultor da New Agro Commodities João Pedro Corazza.
O setor primário é um dos mais prejudicados nesse momento. Corazza destaca que já se pode observar falta de ração para granjas e integrados. Além disso, indústrias não possuem matéria prima para abate, ocasionando dispensa até mesmo de funcionários. Um exemplo é a BRF de Marau que ainda na quarta-feira que cancelou turnos de trabalho em decorrência dos bloqueios. No caso dos grãos gaúchos, a soja ainda não começou a ser colhida, portanto, o escoamento da oleaginosa ainda não está sendo prejudicado. “Hoje, os principais reflexos são sentidos no transporte do milho, farelo, óleo e rações. Como a paralisação é em âmbito nacional, a soja escoada do centro-oeste não está chegando ao seu destino, desabastecendo as indústrias locais”, acrescenta.
Às vésperas da colheita
Com a proximidade do início de uma colheita que pode ser recorde no Estado a situação fica ainda mais preocupante. “Números preliminares indicam algo na casa dos 15 milhões de toneladas. Com essa confirmação, seria catastrófico entrarmos na colheita com a falta de transporte. Além da precariedade no escoamento de nossa safra, resultante das péssimas condições de nossas estradas e somadas com os altos custos dos combustíveis, a falta de transporte limitará a capacidade de armazenamento, uma vez que a deficiência nesse segmento é muito grande. Vale salientar que a logística é um dos principais fatores da economia”, antecipa. Segundo ele as paralisações geram atrasos nas entregas, ocasionando falta de produtos no mercado consumidor final. O consultor destaca ainda que entre as principais culturas gaúchas, no momento, o maior medo é o escoamento da safra da oleaginosa. “Produtos derivados, como o farelo e o óleo também sofrem. Milho e trigo estão sendo escoados, praticamente, apenas para mercado interno, desabastecendo as indústrias que não contavam com essa paralisação e não conseguiram fazer estoques”, complementa.