Fundação UPF anuncia reestruturação do Mini-zoológico

Haverá manutenção do Setor do Reptilário (serpentes, cágados, jabutis, tartarugas e jacarés) e, dentre os mamíferos, será mantido o leão, que tem idade avançada para um animal dessa espécie (cerca de 20 anos)

Por
· 3 min de leitura
A reabertura à comunidade para visitação se dará em momento posterior à reestruturação.A reabertura à comunidade para visitação se dará em momento posterior à reestruturação.
A reabertura à comunidade para visitação se dará em momento posterior à reestruturação.
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

A Fundação Universidade de Passo Fundo (FUPF) e o Instituto de Ciências Biológicas (ICB), ao qual está vinculado o Mini-zoológico da UPF, após minuciosa análise de aspectos pautados no bem-estar animal, decidiu proceder à reestruturação do atual modelo do Mini-zoo, para que o espaço possa continuar recebendo a comunidade local e regional e cumprindo com finalidades científicas, conservacionistas, educativas e socioculturais. Haverá manutenção do Setor do Reptilário (serpentes, cágados, jabutis, tartarugas e jacarés) e, dentre os mamíferos, será mantido o leão, que tem idade avançada para um animal dessa espécie (cerca de 20 anos) e cuja transferência para outro local poderia causar desgaste físico e provável dificuldade de adaptação. Com relação aos demais animais, com características de maior vulnerabilidade a fatores causadores de estresse, a Fundação UPF, em conjunto com o Ibama, definirá o melhor encaminhamento a ser adotado, tendo por objetivo que esses sejam destinados para outras instituições, legalmente aptas a acolhê-los.

Para que essa decisão fosse tomada, foram considerados vários aspectos, dentre eles o estudo de especialistas da área e a constatação de que a manutenção do Zoo, em seu atual modelo, exigiria significativos esforços no sentido de ampliar e adequar ambientalmente os recintos, e de que, ainda que realizada, tal ação não seria garantia de bem-estar aos animais. O Mini-zoológico, originalmente estruturado onde hoje se encontra o Centro de Convivência, foi transferido para o atual local, junto ao lago, em 1991, quando a estrutura física da Instituição era muito menor. Na época, o prédio mais distante da BR 285 era o da Faculdade de Agronomia e, ao contrário do que se observa atualmente, o espaço não sofria com os efeitos da urbanização do Campus I sobre os animais, condição que tende a ser intensificada com o incremento no deslocamento de veículos pela Estrada do Trigo, após o asfaltamento e a construção do trevo de acesso à UPF junto ao Hospital Veterinário, medida que visa desafogar o intenso tráfego de veículos nos pórticos principal e secundário, especialmente à noite.
 
Após ampla discussão e reflexão, e após ouvir os professores que atuam na área animal e ambiental do Instituto de Ciências Biológicas, concluiu-se que não se  conseguirá garantir aos mamíferos e aves do Zoo o conforto ambiental necessário para sua expressão natural minimamente compatível com aquela que teriam se estivessem livres do cativeiro. O ICB, historicamente, atua de forma comprometida com o bem-estar animal, e ressalta a importância da preservação de animais em seu ambiente natural, o que não condiz com a manutenção de animais presos em recintos para exibição ao público.

Histórico
Os zoológicos são ambientes criados no século XIV, quando as pessoas não tinham acesso e, por conseguinte, não podiam conhecer os animais por outros meios. A preocupação com o bem-estar animal e o reconhecimento disso como ciência ocorreu apenas nas últimas décadas, e volta especial olhar à conservação de animais em cativeiro, sejam domésticos ou silvestres. Os avanços da pesquisa em etologia animal concretizaram as bases para o reconhecimento da complexidade individual da vida animal. Baseados nesse princípio, foram estabelecidos preceitos de cinco liberdades do bem-estar animal, que preveem que estes devem estar livres: (1) de fome, sede e desnutrição; (2) de desconforto; (3) de dor, injúrias e doenças; (4) para expressar o comportamento natural de espécie; (5) de medo e estresse. A criação de animais em espaços restritos, portanto, tende a causar baixa qualidade de vida física e psicológica, pois eles nunca serão domesticados.
 
Lazer
A Fundação Universidade de Passo Fundo, comprometida com a preservação de animais em seu ambiente natural e pautada nessa mudança de paradigma sobre o bem-estar animal,  tem desenvolvido diversas ações no sentido de valorizar os animais silvestres, tais como a instalação, na extensão do Campus I,  de corredores ecológicos, e a consolidação das as Áreas de Preservação Permanente (APP). Anualmente, com base em dados oriundos de pesquisas conduzidas por profissionais da área e acadêmicos – que são publicados em relatórios anuais encaminhados para órgãos ambientais e de auditoria –, é realizado o monitoramento da fauna e da flora do espaço do Campus I. Além disso, no final de 2014, foi aprovada pelo Conselho Diretor da FUPF a criação de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), situada junto ao Arroio Miranda, no Centro de Extensão e Pesquisa Agropecuária (Cepagro). A proposta para o entorno do lago será a de oferecer uma estrutura dedicada ao lazer da comunidade, mediante a necessária adequação paisagística e ambiental.

Assim, a reestruturação do Mini-zoológico consiste em uma decisão madura, amparada em critérios científicos e em visão de futuro. A reabertura à comunidade para visitação se dará em momento posterior à reestruturação.

Gostou? Compartilhe