Na reta final da colheita da safra de soja, pelo menos 1,6 milhão de toneladas da commodity irão ser transportadas na região. O aumento no número de caminhões que transitam pelas estradas é percebido por qualquer motorista que precise trafegar por elas e evidencia um problema que não é novo, mas pouco tem avançado: a falta de infraestrutura logística. Com produtividades consideradas excelentes, os produtores devem encerrar a colheita na região nos próximos dias.
Com as últimas áreas de soja sendo colhidas, a produtividade média registrada nos 40 municípios atendidos pela Emater Regional de Passo Fundo chega a 3 mil quilos por hectare, conforme o engenheiro agrônomo Cláudio Dóro. A região cultivou aproximadamente 549 mil hectares com a oleaginosa, que devem render cerca de 1.647.000 toneladas do grão. Todo esse volume trefega pelas rodovias e estradas de terra da região com destino aos cerealistas e cooperativas, indústrias e portos por onde será exportado. Neste ano, o agrônomo destaca que a soja apresenta muito boa qualidade, e é colhida com umidade entre 10% e 12%.
A produção regional deve representar cerca de 12% de toda a produção gaúcha, sendo que perde em produção apenas para a região das Missões. “Em termos de produtividade a nossa região é uma das melhores do Estado em função do solo de excelente qualidade, o bom clima, as pesquisas desenvolvidas aqui, a assistência técnica e rede armazenadora”, avalia. Em todo o Rio Grande do Sul, devem ser colhidas em torno de 14,5 milhões de toneladas de soja.
Soja que fica
Pelo menos 50% do total produzido deve permanecer na região. A maior parte é processada por apenas duas empresas: a BSBios, de Passo Fundo, e a Oleoplan, de Veranópolis. No caso da BSBios, a estimativa da Emater é de que cerca de 10% de toda soja produzida na região fique nela. Em função disso, durante esta safra, a empresa contabiliza o recebimento de, em média, 280 caminhões/dia apenas para a soja. Essa quantidade de cargas representa aproximadamente 8.400 toneladas de soja que chegam todos os dias à planta instalada em Passo Fundo. Além disso, para os demais produtos o fluxo é de 140 caminhões/dia.
Precariedade das rodovias
Apesar de não haver uma contabilização exata, a Polícia Rodoviária Federal de Passo Fundo registra um grande aumento no fluxo de caminhões na região neste período de escoamento de safra. O professor do curso de Logística da UPF Marcos Antonio Marisca Junior explica que é notável o aumento do número de veículos nas rodovias ano a ano, intensificado no período de safra com o trânsito de veículos pesados. “Além do transporte dos grãos temos também uma circulação maior de caminhões tanque que levam combustível para as máquinas na lavoura”, acrescenta.