O Rio Grande do Sul já tem a confirmação de ocorrência de nematoides em pelo menos 116 municípios. A situação preocupa, tendo em vista que eles podem reduzir drasticamente a produtividade de culturas de importante expressão econômica, como a soja e o milho. A UPF mantém desde 2012 um laboratório que estuda nematoides, sua ocorrência e formas de controle. Nesta semana foi inaugurado um novo espaço para atender essa demanda crescente. Na região, as culturas de inverno ainda não são suscetíveis a esses fitoparasitas.
De acordo com a responsável pelo Laboratório de Nematologia da UPF, professora Dra. Carolina Deuner, os nematoides fitopatogênicos causam grande preocupação para o setor agrícola, podendo causar danos significativos em diversas culturas, como é o caso da soja. Dentre os nematoides fitoparasitas dessa cultura destacam-se, no Rio Grande do Sul, o causador de galhas (Meloidogyne javanica), das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus) e o de cisto (Heterodera glycines). A pesquisadora esclarece ainda que os danos causados por esses nematoides dependem, entre outros fatores, da densidade populacional, da suscetibilidade da cultura e das condições do meio em que vivem. “Os danos podem variar de 10 a 90% e dependem de vários fatores como: densidade populacional dos nematoides, da suscetibilidade da cultura e das condições do meio em que vivem”, acrescenta a professora.
Na região de Passo Fundo, as culturas mais prejudicadas pelos nematoides são a soja e o milho. As culturas de inverno ainda não são atacadas por esses fitoparasitas. No entanto, a professora Carolina destaca que é possível que eles se adaptem às condições regionais e passem a atacar outros tipos de cultura. Esse processo de adaptação, porém, demora um certo tempo para que ocorra.
Ocorrência
A ocorrência dos diferentes tipos de nematoides varia de ano a ano, desde que os registros começaram a ser feitos. Conforme a professora, essa variação se dá em decorrência das amostras analisadas, que nem sempre são do mesmo lugar. Os de maior incidência no ano passado foram o Meloydogine e o Pratylenchus. Neste ano, os dados ainda são preliminares, tendo em vista que as amostras ainda estão sendo analisadas. A professora destaca que existem nematoides que atacam várias culturas e outros que atacam uma ou poucas culturas. “Por exemplo, o Meloidogyne spp. (nematoide de galha) ataca várias famílias botânicas enquanto Heterodera glycines (nematoide de cisto) ataca somente soja e feijão”, pontua.
Controle
A pesquisadora explica que a ocorrência de nematoides provoca danos à agricultura mundial. Com isso, o controle não se dá apenas por meio de uma única ação, mas através de um conjunto de boas práticas agronômicas que irão manter as populações abaixo do limiar de dano econômico, elevando a produtividade da cultura sem oferecer riscos ao meio ambiente, promovendo no campo uma relação de convivência com estes patógenos. Dentre essas estratégias incluem-se controle cultura, genético e químico.
Laboratório
Criado em 2012 em parceria com a empresa Syngenta, o Laboratório de Nematologia, da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da UPF, atende produtores, empresas e cooperativas com relação à detecção de nematoides em solo e raízes de diversas culturas. A professora Carolina explica que somente em 2015 mais de 500 amostras já foram processadas. O laboratório surgiu em função da grande demanda pela detecção de nematoides na região e devido ao problema crescente com esses organismos nas lavouras. Entre os serviços oferecidos pelo laboratório estão a análise de solo e raízes para detecção de nematoides, identificação de gêneros e espécies de nematoides, a eficácia agronômica de nematicidas, a reação de cultivares de soja a nematoides e a produção de inóculo de nematoides. Informações sobre o laboratório podem ser obtidas pelos telefones (54) 3316-8159, ramal 5748, ou ainda pelo site www.upf.br/fitopatologia.