A difícil decisão sobre o futuro da Jornada

Prefeitura e Reitoria da UPF dispostas a fazer esforço para garantir a edição deste ano

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decisão deve ser anunciada nesta quarta-feira
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No que depender dos esforços da prefeitura de Passo Fundo e da Reitoria da Universidade de Passo Fundo, a 16ª edição da Jornada Nacional de Literatura, marcada para o final de setembro, deve ser realizada. A decisão oficial que deveria ter saído através de nota, ontem à tarde, foi adiada para esta quarta-feira. O prefeito Luciano Azevedo e o Reitor da UPF, José Carlos Carles de Souza pretendem fazer novos esforços para buscar os recursos que ainda faltam para viabilizar a movimentação cultural dentro do projeto original. 

Ambos devem iniciar uma peregrinação por Brasília. A intenção é buscar cerca de R$ 1,5 milhão, de um total de R$ 3,5 milhões. A Prefeitura mantém ajuda financeira no valor de cerca de R$ 750 mil. Mesmo com aprovação na Lei de Incentivo à Cultura (LIC) do governo estadual, e da Lei Rouanet, do governo federal, o grupo de trabalho vem enfrentando dificuldades na captação junto às empresas.

As dificuldades de captação e a conjuntura nacional colocam em risco a decisão sobre o futuro da Jornada. Pesa ainda, a possibilidade de ter que interromper um trabalho iniciado na década de 1980 e que transformou Passo Fundo em Capital Estadual e Nacional da Literatura. Não há atividade cultural similar no país, com tamanha repercussão e resultados práticas.

Na semana passada, a comissão organizadora realizou uma reunião para avaliar o futuro do evento. Logo após, a professora Tânia Rösing, responsável pelas jornadas, teria encaminhado um documento para a reitoria e prefeitura indicando que a posição do conselho era pela não realização da Jornada este ano. Na segunda-feira, outras pessoas ligadas à organização teriam recebido email confirmando esta informação.  Sobre os detalhes da reunião de ontem, as assessorias de imprensa da Universidade e da Prefeitura informaram que seria divulgado uma nota oficial até o final da tarde, posteriormente transferida para a manhã desta quarta-feira.

Tudo começou em 1981...

Da primeira Jornada, que aconteceu ainda em âmbito regional, lá se vão 34 anos. Desde então, a cada dois anos a lona ganha corpo e voz. Ganha espaço na cidade e, mesmo que incrustada na Universidade de Passo Fundo, escondida entre árvores e prédios, ela é vista – como alguém que se engrandece torna-se, por dias, dona – do espaço, da cidade, da palavra, da fala e da gente. As Jornadas Literárias, que este ano chegam a sua 16ª edição, movimentam não só Passo Fundo, mas como o estado, o país e o intelecto do mundo todo.

Em pouco mais de três décadas, uma das maiores movimentações literárias da América Latina, as Jornadas Literárias acolheram quase 600 escritores de todo o globo: França, Espanha, Portugal, Estados Unidos, Itália, Chile, Colômbia. Acolheu, também, aqueles que escolhem ouvir: o público de apenas 750 pessoas da primeira edição se transformou em 48 mil pessoas na última edição, em 2013. Ao todo, cerca de 200 mil pessoas já escolheram a lona da Jornada Literária para passar uma noite que, tradicionalmente, é fria, mas aquecida por conteúdo.

Conteúdo esse que se diversificou ao longo dos anos: dos clássicos literários, ao incentivo ao ato de ler a Jornada se abriu para crianças, adolescentes, acadêmicos e professores. Falou de censura na literatura, do mundo nascido a partir da mente de Gutenberg, sobre inclusão e diferenças e se inseriu na era digital ao abordar as diferentes plataformas literárias e as diferentes possibilidades que se abrem diante da tecnologia. Na última edição colocou o jovem no centro do debate para afirmar que, sim, a juventude lê e que, cada vez mais, mergulhar em páginas e histórias.

Entre palavras, gestos e páginas; entre o estímulo à leitura e o debate interdisciplinar à luz de um tema central, a cidade se transformou em Capital Nacional e Estadual da Literatura e é o palco de projetos e iniciativas que buscam fortalecer, ainda mais, a literatura na mente de quem passa por aqui.

 

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