Os grupos de imigrantes que estão na região há pelo menos quatro ou cinco anos vem recebendo novos recém-chegados nos últimos dias. Desde a segunda quinzena do mês de maio vários senegaleses e haitianos, na maioria, estão deixando o Acre e vindo mais em direção ao Sul, especialmente nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Essa nova demanda de imigrantes trouxe novamente à tona a discussão sobre os espaços que eles estão ocupando. Entretanto, diferente dos primeiros grupos que aqui chegaram, quem chega agora já encontra uma estrutura, organizada pelos que já se estabeleceram aqui.
Com relação à possibilidade de estarem ocupando espaços, em especial de trabalho, que deveriam ser dos passo-fundenses, a realidade tem mostrado que isso não é verdadeiro. Conforme o secretário municipal de Cidadania e Assistência Social (Semcas), Saul Spinelli, essa questão não precisa ser encarada com preocupação. “A vinda de estrangeiros é uma demanda que quem tem que cuidar se o Brasil tem ou não capacidade de receber é o governo federal. É ele que autoriza ou não. Eu, particularmente, não vejo com preocupação, porque somos um país democrático. Da mesma forma, existem muitos brasileiros que também moram no exterior, que também foram se estabelecer e se estabeleceram e levaram suas famílias para outros países”, comenta.
O secretário lembra ainda que tanto para os senegaleses ou haitianos, como para qualquer pessoa que chegar ao município e precisar, a Semcas oferece os serviços de que dispõe. “Sempre quando procurada, independente de ser imigrante, indígena, ou pessoas vindas de outros estados, por exemplo, colocamos a rede da assistência à disposição. A rede é composta dos Cras, do Creas e principalmente do Albergue Municipal, para aqueles que precisam de alojamento”, salienta. De acordo com ele, vários estrangeiros já utilizaram da possibilidade de estadia no albergue. “Eles podem ficar lá o período que for necessário, até arrumar emprego, providenciar documentos. Enfim, isso já houve dentro da rede de atendimento da Semcas e não é novidade”, destaca.
Chegada organizada
Bastante diferente dos primeiros imigrantes, os que estão chegando agora já vêm de forma mais organizada. Isso, porque em grande parte já têm parentes ou conhecidos morando na região, o que facilita para se estabelecerem. “Diferente dos primeiros, os que chegam agora já encontram uma estrutura, outra situação, em função de que parentes, amigos, já vieram no passado, se estruturaram, e chegam então já de uma certa forma privilegiada. Agora, evidentemente que se um chegar e não tiver onde ficar, precisar da rede de atendimento, do albergue, estamos aqui para atender”, argumenta o secretário.
Mercado de trabalho
Com relação às vagas que estão ocupando no mercado de trabalho, os encaminhamentos para emprego têm mostrado que estão se estabelecendo em vagas que não eram procuradas pelos passo-fundenses. “Hoje, por exemplo, no Sine, temos várias vagas, em torno de 200 em frigoríficos, que estão sendo ocupadas e que ficaram vários meses abertas sem procura”, comenta.
A opinião é semelhante à da vereadora Cláudia Furlanetto, que integra o Fórum de Mobilidade Humana. Segundo ela, os senegaleses, são o que se chama de migrantes econômicos. “Eles estão vindo para o Brasil, para Passo Fundo, para trabalhar. Sei que existe uma preocupação bastante grande da comunidade de que estariam ocupando um espaço que seria para os passo-fundenses, mas já está comprovado que eles estão ocupando vagas que não interessaram aos moradores daqui”, explica.
Outro ponto ressaltando pela vereadora é que estes grupos somente têm migrado para onde já existe uma certa estrutura para os receber, diferente de imigrantes refugiados, por exemplo, que saem de seus países para fugir de situações de guerra ou de perseguição. “Os grupos que chegam aqui são os que têm compromisso com suas famílias, não vieram para ficar nas ruas e muitos estão aqui só de passagem, eles só se estabelecem nos locais onde encontram emprego”, avalia.
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