Um capítulo importante da Guerra dos Farrapos saiu dos livros de história e se materializou através das mãos do professor Antônio Rodrigues. Após quase dois meses de trabalho, ele finalizou uma réplica em miniatura do Seival, famoso lanchão usado por Giusepe Garibaldi na tomada de Laguna em 1839.
Formado em Educação Física, o educador é o idealizador do Projeto Navegar, realizado na escola Cecy Leite Costa em parceira com o Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas (GESP). Para colocar em prática as duas edições do Navegar, Rodrigues construiu duas embarcações, uma delas totalmente sustentável, com utilização de garrafas pet e taquaras, entre outros materiais.
Para a edição passada, que percorreu as águas do rio Jacuí até o Guaíba, na Capital, o professor já havia pensado na construção de uma caravela, mas o projeto precisou ser substituído por outro mais simples em razão do curto espaço de tempo. “Conversando com o historiador Paulo Monteiro, ele sugeriu o Seival, por ter uma ligação mais forte com nossa história regional. Achei interessante a ideia e decidi fazer a miniatura” revela.
Com base em três imagens colhidas da internet, Rodrigues reproduziu todos os detalhes da embarcação. Feito em madeira de eucalipto, o Seival tem aproximadamente um metro de comprimento e quatro velas. “Eles optaram por este modelo de embarcação na época por facilitar a navegação em águas mais rasas, no caso, o rio Capivari. Esta agilidade foi determinante para escapar das embarcações da marinha imperial” explica.
Antônio entende que a réplica pode auxiliar os professores durante o ensino da história regional. “As façanhas náuticas durante a Guerra dos Farrapos não são muito abordadas, no meu entender, talvez seja o aspecto mais interessante” observa.
Réplica da original
De viagem marcada no próximo mês a Gênova, na Itália, Rodrigues pretende visitar o museu naval de guerra, em busca de mais informações sobre o Seival, que acabou sendo destruído no Brasil. A intenção do professor é partir para a construção de uma réplica em tamanho original da embarcação e utilizá-la em uma travessia oceânica. “O início da construção deve ocorrer no final deste ano. Quero fazer uma travessia utilizando apenas velas, aproveitando a engenhosidade do ser humano. O conhecimento de navegação é milenar” argumenta.