Pesquisa avalia qualidade do ar em Passo Fundo

Estudo desenvolvido na UPF frisou a importância do monitoramento de poluentes atmosféricos devido à crescente frota de veículos na cidade

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Pesquisa fez parte da dissertação de mestrado do PPGEng/UPF realizada pela aluna Denise Daris, sob orientação da professora da UPF, Drª Luciana BrandliPesquisa fez parte da dissertação de mestrado do PPGEng/UPF realizada pela aluna Denise Daris, sob orientação da professora da UPF, Drª Luciana Brandli
Pesquisa fez parte da dissertação de mestrado do PPGEng/UPF realizada pela aluna Denise Daris, sob orientação da professora da UPF, Drª Luciana Brandli
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Uma pesquisa desenvolvida na Universidade de Passo Fundo (UPF) entre abril de 2014 e março de 2015 avaliou a qualidade do ar em Passo Fundo. O estudo analisou e monitorou as emissões de poluentes dos veículos nos principais pontos do tráfego urbano da principal via pública da cidade: a Avenida Brasil, e ressaltou a importância do monitoramento de poluentes atmosféricos e a quantificação de impactos devido à crescente frota de veículos no município. Os dados revelaram que pontos onde há maior fluxo há também maior concentração dos poluentes estudados. Com isso, os pontos monitorados que apresentaram maiores concentrações de dióxido de nitrogênio foram pontos próximos ao Banco do Brasil e da Praça Tochetto e, para o poluente ozônio, foram os pontos próximos ao Instituto Educacional (IE) e do Bourbon.

O monitoramento foi feito com o amostrador passivo por um período de doze meses. Os equipamentos foram instalados em pontos estratégicos, como lombadas eletrônicas, em cinco pontos distribuídos no eixo principal de trânsito da Avenida Brasil, selecionados em função do volume de veículos que circulam nessa faixa. Além disso, um sexto ponto, chamado de ponto neutro, foi instalado na UPF, em um espaço onde a influência do trânsito é baixa, para ser utilizado como comparativo. “Passo Fundo tem uma frota crescente, principalmente nos períodos entre março e dezembro, período de ano letivo, quando o volume de veículos é bem maior. Percebeu-se a necessidade de verificar qual seria e se teria uma poluição nesse período”, explicou a aluna do mestrado, Denise Daris, que defendeu a dissertação de mestrado no mês de maio. O trabalho foi orientado pela professora da UPF, Dra. Luciana Brandli, e coorientado pelos professores Dr. Eduardo Korf e Dr. Francisco Dalla Rosa.

Os poluentes analisados foram ozônio (O3) e dióxido de nitrogênio (NO2), por serem emissões oriundas dos veículos. Essa delimitação foi definida em função dos vários tipos de emissões atmosféricas geradas por diversos poluentes os quais podem causar efeitos agudos e crônicos a saúde humana, além de provocarem impactos ambientais locais e globais. “São poluentes oriundos da descarga veicular e em contato com o oxigênio, principalmente o NO2, se transformam em dióxido de enxofre”, destacou a autora da pesquisa. Os resultados mostraram que os níveis de poluentes analisados não ultrapassam os valores da legislação e revelam também a influência dos fatores meteorológicos na concentração e dispersão dos poluentes analisados.  

A orientadora do trabalho, professora Dra. Luciana Brandli, também destacou que a condição meteorológica foi levada em conta, porque é um fator fundamental na dispersão dos poluentes atmosféricos. “Durante o monitoramento, foram consideradas a temperatura, a precipitação, a umidade relativa, a velocidade do vento e a insolação. Os dados foram fornecidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A condição meteorológica influencia tanto na concentração, quanto na dispersão dos poluentes”, ressaltou a orientadora.

Pontos monitorados
Com relação à legislação, os valores de concentração dos poluentes NO2 e O3 encontrados atendem ao estabelecido no que diz respeito à  resolução vigente e encontram-se classificados como qualidade “Boa”, conforme o índice de qualidade do ar (IQA), estabelecido pela Cetesb. Porém, a orientadora do trabalho salientou a importância do monitoramento da qualidade serve para nortear medidas e políticas públicas na busca pela qualidade de vida e ambiental da população local. Ela frisou ainda que a pesquisa mostra que é um momento de repensar uma vida mais sustentável e saudável. “Foi um primeiro estudo, mas que já traz um dado e mesmo atendendo aos parâmetros da legislação isso não significa que não precisamos nos preocupar com a poluição. A tendência é a frota de veículos aumentar cada vez mais, isso traz consequências muito problemáticas para o desenvolvimento sustentável da cidade. Se continuar assim, a tendência é que os dados ultrapassem os limites da legislação em breve”, observou a professora Luciana.

Os pontos de estudo foram:
- Avenida Brasil x Posto Ipiranga Boqueirão (IE)
- Avenida Brasil x Avenida Sete de Setembro (Bella Città)
- Avenida Brasil x Rua Bento Gonçalves (Banco do Brasil)
- Avenida Brasil x Rua Fagundes dos Reis (Praça Tochetto)
- Avenida Brasil x Rua Ângelo Preto (Bourbon)
- Universidade de Passo Fundo

Polo Regional
Apesar dos níveis de poluentes estarem de acordo com os índices previstos na legislação, se fazem necessárias ações de monitoramento da qualidade do ar, uma vez que Passo Fundo é considerada cidade polo regional, compreendendo várias rotas de passagem, com alto fluxo de veículos. O conglomerado, conforme dados do IBGE (2013), resulta em uma população de aproximadamente um milhão de pessoas. Pelo centro da cidade, segundo o Detran, a frota de veículos até novembro de 2014 era de 113.529. O congestionamento rotineiro no tráfego resulta em lentidão no trânsito, momento em que os veículos rodam com baixa velocidade e paradas frequentes, ocasionando perda de tempo e consumo de excessivo de combustível. A pesquisa mostrou ainda que esse momento geralmente corresponde ao horário comercial e ao horário de início e término diário das aulas. “Sabemos que Passo Fundo, além da sua população, recebe pessoas que moram na região. Esse trabalho trouxe um alerta, um dado para ser observado com atenção”, observou a autora da pesquisa.

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