Resultado extraoficial indica tipo de bactéria

Bactéria que causou morte de menina por meningite é a menos perigosa para contágio

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O sepultamento aconteceu no domingo (19), no Cemitério Municipal Vera CruzO sepultamento aconteceu no domingo (19), no Cemitério Municipal Vera Cruz
O sepultamento aconteceu no domingo (19), no Cemitério Municipal Vera Cruz
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Resultado extraoficial sobre o tipo de meningite que matou a menina Vitória Aparecida da Silva, 8 anos, aponta que trata-se da bactéria pneumococo, considerada menos perigosa do ponto de vista de contágio que a meningococo. A informação foi dada ontem ao Jornal O Nacional pelo secretário Municipal de Saúde, Luiz Arthur Rosa Filho. Vitória morreu no final da tarde de sábado, em Passo Fundo. Ela estava internada no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) desde a última sexta-feira (17). Vitória estudava na Escola Municipal Wolmar Salton e estava no terceiro ano. Conforme familiares, na última quinta-feira, a menina se alimentou normalmente e brincou bastante. Os sintomas da Meningite só começaram a aparecer na madrugada de sexta-feira. “Por volta da uma hora da manhã, ela acordou chorando e reclamando de dor de cabeça. Teve vômito uma única vez. Os pais a levaram para o Hospital São Vicente. Ela foi medicada e mandaram pra casa ainda de madrugada”, revelou a tia da menina, Inês de Albuquerque.

Na manhã de sexta-feira, o estado de saúde da menina piorou. “Fui buscar a mãe dela, porque trabalhamos juntas, e a Vitória estava sem ação, sem reação. Não falava e se retorcia. Levamos para o hospital por volta das 10h30 de sexta. Acharam até que fosse reação do medicamento que ela tinha feito anteriormente”, contou a tia.

O exame para diagnosticar a doença foi feito durante à tarde. “Fizeram o exame do líquor para ver ser era meningite e foi confirmado. Ela foi isolada. Na madrugada de sábado, Vitória teve três paradas cardíacas e tiveram que reanimá-la. Passamos o dia lá e a morte cerebral foi confirmada depois das cinco horas da tarde. Foi tudo muito rápido”, disse Inês.

A família acredita que houve demora no diagnóstico da doença. “O hospital é muito bom, mas acredito que teve atraso. Houve falha no primeiro atendimento. Mesmo sabendo dos sintomas de dor de cabeça e vômito, mandaram embora”, questionou a tia da menina. A família ainda não foi procurada pela Secretaria Municipal de Saúde sobre como proceder, já que a doença é considerada contagiosa. “Não tivemos orientações de como agir ou nos proteger depois que saímos do hospital”, salientou Inês.

Resultado extraoficial

O secretário municipal de saúde, Luiz Artur Rosa Filho, informou que o resultado extraoficial do exame apontou que a bactéria é a pneumococo, considerada menos perigosa do ponto de vista de contágio que a meningococo. “O resultado oficial do laboratório Lacen (Laboratório Central do Estado) só sairá em dois dias, mas o resultado extraoficial, que recebemos no final da tarde deste domingo, aponta para a bactéria pneumococo. Isso significa que o risco de contaminação é menor que a meningococo. Vamos fazer um planejamento e o monitoramento das pessoas próximas”, disse o secretário de saúde.

O vice-diretor médico do HSVP, Júlio Stobe, confirmou que a menina teve meningite bacteriana, mas o hospital aguarda o resultado oficial dos exames que apontará o tipo de bactéria. A estimativa é que este resultado fique pronto nos próximos dois dias. “Neste caso foi a bacteriana. São bactérias presentes nas vias aéreas que invadem o sistema circulatório e se alojam no sistema nervoso central fazendo a meningite. Há vários tipos. Estamos aguardando o resultado dos exames”, explicou Stobe.

O médico ressaltou que o caso não é motivo pra alarde. “Não existe surto. Não há motivo para alarde. É importante também manter o calendário vacinal”, disse o vice-diretor médico do HSVP.

Em relação ao atendimento no hospital, onde a criança foi liberada para ir para casa, Stobe informou que não acompanhou o primeiro atendimento e, por isso, não tem como se posicionar. “Não sei dizer como foi o primeiro atendimento, porque não acompanhei. Comecei a atender após o caso se agravar. Fizemos todo o acompanhamento e prestamos a assistência necessária”, ressaltou Stobe.

 

Meningite

A meningite é um processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus, parasitas e fungos, ou também por processos não infecciosos. De acordo com Stobe, a maioria dos casos é provocada por vírus e bactérias. “A meningite mais comum é a viral e a bacteriana é a mais rara, mas ocorre. E depois vem as fúngicas”, explicou  o vice-diretor médico do HSVP.

No Brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica, deste modo, casos da doença são esperados ao longo de todo o ano, com a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais, sendo mais comum a ocorrência das meningites bacterianas no inverno e das virais no verão.

Os principais agentes bacterianos causadores de meningite são: Neisseria meningitidis (meningococo), Streptococcus pneumoniae (pneumococo), Mycobacterium tuberculosis, Haemophilus influenzae. As meningites virais são representadas principalmente pelos Enterovírus.

Quais os sintomas?

Os principais sinais e sintomas são: febre alta que começa abruptamente, dor de cabeça intensa e contínua, vômito, náuseas, rigidez de nuca e manchas vermelhas na pele (petéquias).

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