A giberela é uma preocupação constante dos produtores de trigo no Rio Grande do Sul, pois sua ocorrência é favorecida por invernos e primaveras chuvosas. Além de reduzir a produtividade da cultura, a doença causa o aumento dos níveis de micotoxinas nos grãos colhidos, tornando-os inadequados ao consumo humano e animal. Um estudo desenvolvido por uma pesquisadora passo-fundense foi premiado no Top Ciência 2015. O trabalho da bióloga Dra. Caroline Wesp Guterres identificou quais os melhores fungicidas para controlar a doença e reduzir os níveis de micotoxinas no trigo.
De acordo com a pesquisadora, as cultivares existentes no mercado ainda não possuem níveis satisfatórios de resistência genética à giberela. Isso faz com que o uso de fungicidas seja imprescindível para o controle da doença. “Diante deste cenário, a pesquisa por produtos que controlem melhor a doença no campo, mas principalmente, que reduzam os níveis de micotoxinas em grãos é importante. O trabalho elencou os melhores fungicidas para redução dos níveis de micotoxinas e controle de giberela, além, do melhor momento de aplicação”, explica. O trabalho foi desenvolvido em três locais: Cruz Alta, Santo Augusto e Júlio de Castilhos, durante as safras de trigo de 2013 e 2014. “Após a colheita de trigo e quantificação do rendimento, os grãos foram avaliados no Laboratório de Fitopatologia da CCGL, em Cruz Alta, em relação ao acúmulo de deoxinivalenol (DON), principal micotoxina produzida por giberela. Os melhores tratamentos fungicidas foram elencados”, acrescenta.
Resultados
A pesquisa desenvolvida demonstrou que o uso de fungicidas a base de Metconazole + Piraclostrobina e de carbendazim, resultaram nos melhores controles e na menor produção de micotoxinas por parte do fungo. Ficou claro que a escolha do princípio ativo a ser utilizado para controle de giberela é mais importante do que o número de aplicações realizadas no florescimento. Porém, para cultivares mais suscetíveis, duas aplicações no florescimento, sendo uma entre 25-50% do florescimento e a segunda 10 dias após a primeira, mostraram-se mais eficientes. Os produtos testados que conferiram os melhores controles de giberela, também refletiram-se nos melhores rendimentos de grãos obtidos no trabalho. O monitoramento dos níveis de giberela no campo, bem como, dos níveis de micotoxinas, o uso de fungicidas eficientes, a adoção de tecnologias de aplicação adequadas e o desenvolvimento de cultivares com bons níveis de resistência genética são fundamentais para minimizar os impactos negativos de giberela na cadeia produtiva de trigo, garantindo a boa produtividade e a qualidade dos grãos.
Regulamentação
A pesquisadora explica que desde 2011 a Anvisa passou a regulamentar, através de legislação normativa, os limites máximos permitidos para contaminação de micotoxinas, com níveis decrescentes até 2016, visando garantir a segurança dos alimentos comercializados. “Na prática, esta regulamentação significa que os produtores poderão ter sua produção rejeitada na hora da entrega. A indústria pode ainda, rejeitar cargas oriundas de cooperativas ou cerealistas que não estiverem dentro das especificações previstas na portaria”, justifica Caroline.