Há um ano desenhando sorrisos

Hoje, as as quartas-feiras se tornaram um dia especial para os pacientes e familiares, pois sabem que vão encontrar carinho, alegria e conforto com os voluntários.

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Há exatamente um ano, o ambiente da Oncologia Pediátrica do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo se transformava. O silêncio deu lugar as conversas, a angústia da espera se transformou em sorrisos e a vinda das crianças para o hospital se tornou um pouco mais leve. Tudo isso aconteceu com a chegada do grupo de voluntários Desenhando Sorrisos, uma iniciativa que busca alegrar e divertir as crianças e adolescentes em tratamento oncológico. Hoje, as as quartas-feiras se tornaram um dia especial para os pacientes e familiares, pois sabem que vão encontrar carinho, alegria e conforto com os voluntários.

O grupo que iniciou com seis participantes, conta hoje com 26. A alegria que trazem para as crianças se tornou um componente que ajuda na luta contra o câncer. Conforme a psicóloga da Serviço de Oncologia do HSVP, Janaína Biasi, o ambiente mais tranquilo e animado colabora para desmistificar o ambiente hospitalar e como ele é visto pelas crianças. “O grupo traz a alegria da infância, as brincadeiras, que muitas vezes as crianças perdem em função da rotina do tratamento. Elas chegam para o tratamento e já ficam na expectativa de encontrar os voluntários e a vinda para o hospital tornou-se algo mais leve e tranquilo”, salienta, pontuando ainda que o grupo tem um papel importante também para os familiares, já que também conseguem aliviar a angústia nos momentos de alegria com os voluntários.

Criado pela farmacêutica bioquímica Melina Rodrigues, o Projeto Desenhando Sorrisos conquistou pacientes, familiares, funcionários do hospital equipe médica e outros voluntários. Melina destaca que o primeiro ano de projeto foi sobretudo um grande aprendizado para todos. “Desenvolvemos um trabalho, conhecemos pessoas incríveis, aprendemos a lidar com diversas situações, e tivemos grandes surpresas no sentido de que não imaginávamos que teríamos uma repercussão tão grande, mas tudo muito positivo! Com certeza, a maior recompensa foi termos alcançado nosso objetivo que era fazê-los sorrir. Todo o demais foi um bônus, todo o carinho recebido da equipe, dos pacientes e familiares, as amizades construídas, foi tudo incrível”, comenta a voluntária.

Do primeiro encontro até agora muitas mudanças aconteceram, entre elas, Melina destaca que os voluntários estão mais maduros emocionalmente e que aprenderam os limites de cada paciente, cada família. “Todos experimentamos mudanças profundas em nossas vidas ao entrar em contato com a oncologia, ainda mais se tratando de oncologia pediátrica. Saímos modificados de lá. Mais fortes talvez, ou percebendo que seus problemas são menores do que parecem. Só quem se doa conhece esse sentimento de amor pelo outro, muitas vezes desconhecido, mas que conseguimos materializar a cada encontro, e entregá-lo de tal forma que a troca de energias os faz perceber que são amados, acolhidos, e acabam, mesmo sem querer, estampando o sorriso que tanto almejamos”, enfatiza.

O trabalho desenvolvido pelo grupo encantou as crianças que aguardam ansiosas pelo dia que os voluntários os visitam. O pequeno Matheus Perin, três anos, de São Domingos do Sul é prova de que a presença do Desenhando Sorrisos faz diferença no tratamento. A mãe, Cristiane Zanotto Perin, conta que ele não queria vir para o hospital para fazer o tratamento, mas que quando ele o conheceu o grupo, mudou de ideia. “O Matheus adora, se alegra e brinca muito com eles. Com certeza faz muito bem para ele e para nós também”, relata a mãe. Samuel Wildner Neves, 5 anos, morador de Tenente Portela, também mudou muito com a presença do grupo, segundo sua mãe, Janete Wildner, “ele era tímido, não gostava muito de interagir com as outras crianças e sorria pouco. Depois que o pessoal começou a brincar e conversar com ele, o sorriso voltou. Agora ele brinca, corre, sorri e o tratamento parece que ficou mais tranquilo para ele. As brincadeiras fazem bem”.

A alegria e o carinho dos pacientes é o que motiva o grupo a continuar. “Saber que as crianças esperam por nós todas as quartas é algo meio difícil de explicar, é gratidão, responsabilidade, entusiasmo, é medo de decepcioná-los.Mas o carinho que recebemos deles é o que nos move a continuar. Apesar das dificuldades que inevitavelmente surgem, mas sempre com a certeza de que vale muito a pena, porque cada pequena evolução deles é uma grande realização pra nós”.

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