Os trabalhadores da fábrica 4 da Semeato chegaram para trabalhar hoje pela manhã e encontraram as portas fechadas. Segundo os funcionários, a empresa está atrasando os salários desde dezembro do ano passado e, neste mês, pagou apenas 40% do líquido na última sexta-feira (11). Como forma de protesto, os trabalhadores interromperam a rodovia (BR 285) por alguns momentos. De acordo com o funcionário José Rudinei Nunes, eles foram impedidos de trabalhar. “A própria empresa fechou os portões. Nós viemos para trabalhar de manhã, quando chegamos aqui estava fechado. Eles disseram que só poderiam entrar supervisores e o pessoal do administrativo e que a gente não poderia entrar”. Éder Freitas trabalha há 16 anos na empresa e explica que a situação vem se agravando cada vez mais. “Os menores salários eles estavam pagando em dia e os maiores eles estavam atrasando. E esse mês, de surpresa, ninguém recebeu, independentemente da faixa de salário”. Em decorrência do atraso dos salários, aconteceram algumas paralisações na semana passada. A empresa prometeu pagar tudo na sexta-feira, mas pagou apenas 40% do líquido, na parte da tarde. A maioria dos trabalhadores estava devendo no banco e acabou ficando com nada. “E hoje a gente veio aqui e por surpresa o portão da fábrica 4 estava fechado. Também trancaram o portão da fábrica 2, lá eles liberaram depois e aqui ficou assim. A maior parte da fábrica 1 paralisou e alguns funcionários permaneceram trabalhando, porém, esses foram mandados para casa”, explicou Freitas. Conforme ele, não há comunicação entre os funcionários e a direção da empresa. “Eles não falam nada para a gente, não dão nenhuma satisfação. Nós não sabemos como está a empresa, o porquê do atraso do pagamento. Simplesmente ficam calados, nós não temos uma resposta”.
Além do atraso no pagamento dos salários, férias e outros benefícios também não estão em dia. “O pessoal que sai não recebe, eles largam e não pagam a rescisão. Quem já teria direito a terceira férias, não recebeu nem a segunda”, disse Freitas. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Máquinas, Implementos, Peças Agrícolas, Motores e Tratores de Passo Fundo, Alcidir Antoninho de Andrade, já foram feitas denúncias no Ministério do Trabalho, mas nada foi resolvido até o momento. “O jurídico do Simers, que é o sindicato patronal, entrou em contato comigo para marcar uma reunião em Porto Alegre amanhã. Só que eu disse pra eles que a reunião tem que ser aqui em Passo Fundo, porque a Semeato é daqui e nós queremos falar com quem manda. E não só mandar a gente conversar com jurídico pra ficar sentado esfolando cotovelo na mesa e não resolver nada. Nós queremos sentar e conversar com quem resolve”. A empresa não trouxe nenhuma solução ou explicação concreta para os trabalhadores. “Nós pedimos que eles nos dissessem qual é a real situação da empresa pra gente se preparar. São 1700 famílias que estão por trás dos trabalhadores”. Se a Semeato não depositar o restante dos salários, os trabalhadores farão nova paralisação. Segundo eles, a única reivindicação agora é esta. “Nós só queremos receber e voltar a trabalhar, queremos nossos direitos, nada mais que isso. Queremos receber nosso salário, porque precisamos pagar água, luz, telefone e tudo têm juros. Tem alguns trabalhadores que estão usando o limite, outros fizeram empréstimo, está muito complicada a situação”, pontua Freitas. A empresa foi procurada pela equipe ON, mas preferiu não se manifestar.