Quando o mês de setembro se aproxima, o amor ao tradicionalismo parece se intensificar. Amor esse que é visto pelas ruas da cidade: entre rodas de chimarrão e crianças pilchadas a caminho da escola, é nas lojas de artigos tradicionalistas que o 20 de Setembro ganha força. Apesar da crise financeira e do cancelamento do tradicional desfile do movimento gaúcho, o comércio registra, desde o início do mês, aumento nas vendas.
Basta uma volta pela cidade para constatar que as principais lojas de artigos tradicionalistas estão lotadas. Segundo os lojistas, o movimento de setembro chega a triplicar em relação aos meses anteriores. O aumento na procura é tanto que algumas lojas investem na equipe para melhor atender o cliente. “O movimento, nessa época, é muito maior do que nos outros meses. Por isso, fizemos a contratação de cinco funcionários temporários que trabalham 60 dias na loja - 30 deles, em treinamento e os outros 30 de trabalho, realmente.”, conta Vanessa Cruz, sócia proprietária da loja Guapos & Cia que, este ano, abriu uma filial. “Em função disso, tivemos que criar estratégias para a venda. Os produtos sofreram reajuste, sim, mas por estratégia nossa conseguimos manter os valores do ano passado. Nossas compras estão sendo realizadas desde fevereiro, por exemplo”, explica.
Além das compras antecipadas, outra estratégia utilizada pela loja é a de facilitar a negociação com o cliente. “Em função da crise, que o mercado já adiantava no início do ano, optamos por compras antecipadas e, agora, facilitamos na hora da venda. Seja através de um parcelamento, através de um desconto ou também de parcerias com as escolas. Estamos dispostos a negociar da melhor forma possível”, encerra. O cenário se repete na Point Horse, localizada na Avenida Brasil: o aumento no número de clientes intensifica o trabalho dos nove funcionários. Ainda assim, Glaucia Fávero Felini, proprietária, comenta que, neste ano, a crise econômica e o cancelamento do desfile interferiram no faturamento. “Esse ano está sendo diferenciado. Em relação ao ano passado, o movimento diminuiu. Claro que o movimento é muito grande, tem momentos em que não conseguimos parar”, comenta. “Eu acredito que, nessa época, quem gosta do tradicionalismo vem e compra. Mesmo que haja reajuste de preço, o que interfere, mesmo, são os fatores da crise e do desfile”, opina. Entre os artigos mais vendidos estão as pilchas infantis e os artigos de couro. Até o fim do mês, os lojistas acreditam que o faturamento cresça em torno de 80%.